Desde que o mundo é mundo, Deus serve ao mesmo tempo como: fonte de explicação para coisas inexplicáveis, esperança, consolo para almas aflitas, legitimação de poder de uns sobre os outros, algo a se temer, peso na consciência, alguém para castigar no pós vida pessoas que cometeram atrocidades, mas que passaram pela Terra sem sofrer maiores conseqüências... e outras milhões de coisas igualmente importantes.
Apesar das muitas falhas (Se deus criou tudo, quem criou Deus? Se Deus é tão poderoso, por que ele não impede a dor e o sofrimento das pessoas justas? Se Deus é justiça, por que tanta desigualdade? Só para citar algumas...) nessa invenção, e muitas formas pelas quais ela se manifesta, a maioria da pessoas nem questiona a sua existência... E as que questionam não conseguem substituto à altura e são, na maioria das vezes, pessoas conflituosas, que tiveram a fé abalada por algum trauma, ou romperam com suas religiões por que elas eram incapazes de evitar algum sofrimento.
Mas o que é melhor na fé, e já foi comprovado cientificamente, é que ela faz bem, dá alívio, e mantém a nossa sanidade diante de coisas terríveis que não conseguimos compreender. Que importa se Deus é uma criação da mente humana, ou se é ilusão? Com um benefício desses, acho Deus melhor que Vallium.
O que todas as grandes religiões do mundo desenvolvido têm em comum é a existência de um (ou alguns, no caso do hinduísmo, ou nenhum, no caso do budismo) Deus poderoso, ou alguém tão sábio e superior que possa ser chamado de “ser iluminado”, e que devemos nos submeter às suas vontades, por que ele tudo sabe, tudo vê e tudo governa.
O Judaísmo e o Cristianismo, sua forma revolucionária, pregam que Deus não tem princípio, meio ou fim. E é amor e é fiel ao povo que escolheu. Seus seguidores crêem que Deus lhes deixou um manual de instrução, a Torá e a Bíblia, e que se seguirem seus ensinamentos, serão salvos.
O Islamismo diz que Deus é misericordioso além de todo o imaginável e exige muito pouco de seus seguidores, como rezar cinco vezes ao dia e viajar uma vez na vida à Meca.
O Hinduísmo é um pouco mais complicado, mas quem segue é obrigado a acreditar que nasceu pré-destinado à miséria ou à riqueza, para cumprir seu Karma, ou seja, traz sossego para quem se acha pobre, ou infeliz o suficiente para viver outra vida de abundância, e isso lhes parece muito justo e mantém cada um em sua casta, em seu lugar.
O Budismo é uma linda filosofia de vida criada por um príncipe que largou a riqueza e os bens materiais, para viver em estado de graça e contemplação, sendo o materialismo a fonte de todas as mazelas: mas é muito prática, exige meditação e desapego, e muita força de vontade de seus seguidores.
O que eu gosto em todas essas crenças é que elas não fazem qualquer sentido, são totalmente irracionais, e por isso mesmo talvez, perfeitamente críveis.
Eu por exemplo, sou cristã. É fácil ser cristã hoje em dia, por que a ciência já comprovou a existência de Jesus. Se ele era o enviado de Deus, isso é coisa da nossa fé, mas que ele foi um grande líder que revolucionou o mundo oriental e ocidental, fez-se seguido por milhares de pessoas, morreu sem trair seus valores e crenças e fazia grandes discursos, ah, isso está mais que garantido. E a mensagem deixada por ele é tão sublime de beleza que é impossível não se emocionar. Jesus dizia que todos somos iguais, e que todos poderemos ser salvos, que não devemos julgar ninguém, por que todos erramos, e sobretudo, Jesus dizia: “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida”.
Como não seguir um homem que ousou dizer algo assim?
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Diz-se que Santo Antão foi peregrinar num deserto e foi tentado anos a fio pelo Diabo, que lhe ofereceu delícias da carne, às quais ele resistiu.
A figura ao lado, As tentações de Santo Antão, é um suposto estudo de Jheronimus Bosch para compor a famosa tríade O jardim das delícias Terrenas, painel triplo onde o autor representa a História do Mundo a partir da criação, o céu e o inferno. Ao todo são desesseis estudos, e este está aqui pertinho no Masp, mesmo havendo controvérsias sobre a sua autenticidade, é fascinante.
A obra de Bosch expressa sentimentos muito atuais e antagônicos. A dualidade entre os prazeres da carne e o pavor dos castigos, a eterna dúvida entre o medo do inferno e as delícias da Terra são representadas num estilo único, com muito movimento, composição carregada, cores vivas e figuras animalescas, surreais, grotescas. Uma ousadia para a estética da época, e uma viagem pictórica para os dias de hoje.
A figura ao lado, As tentações de Santo Antão, é um suposto estudo de Jheronimus Bosch para compor a famosa tríade O jardim das delícias Terrenas, painel triplo onde o autor representa a História do Mundo a partir da criação, o céu e o inferno. Ao todo são desesseis estudos, e este está aqui pertinho no Masp, mesmo havendo controvérsias sobre a sua autenticidade, é fascinante.
A obra de Bosch expressa sentimentos muito atuais e antagônicos. A dualidade entre os prazeres da carne e o pavor dos castigos, a eterna dúvida entre o medo do inferno e as delícias da Terra são representadas num estilo único, com muito movimento, composição carregada, cores vivas e figuras animalescas, surreais, grotescas. Uma ousadia para a estética da época, e uma viagem pictórica para os dias de hoje.
2 comentários:
Menina,
Tem livros e revistas interessantes filosofando sobre isto... Em especial, estou louca para ler um livro chamado "O Homem Deus ou o Sentido da Vida" de um filósofo francês vivo e bem pop, o Luc Ferry.
Dá muito o que falar... e analisar e bater papo sobre...
De qualquer forma queria dizer que não contive o riso com a sua ousada síntese sobre as mais importantes religiões do Mundo. hehehe
Adoraria conseguir fazer isto. rs
beijocas
Mariaaa
Obrigada pela dica!
Vou ler por que adoro o assunto e mal entendo sobre isso...
valeu!
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