sexta-feira, 23 de março de 2012

Resposta ao Padre


O mundo está cada vez mais pop... E os padres também! Estou acompanhando com muita curiosidade o caso do padre pop de Divinópolis, especificamente pela sua fama de conselheiro amoroso!

Sabe-se que padres adoram casamentos, e são particularmente interessados em casar pessoas -  penso que das liturgias todas, essa á preferida deles... Então, é de se imaginar que, numa época em que os casamentos estão mais instantâneos e os divórcios mais frequentes, os padres estejam procupados em levantar o moral da cerimônia nupcial.  Daí o sucesso do padre que dá conselhos amorosos e ainda bomba na internê.

Eu não sei muito bem o que os padres sabem sobre relacionamentos amorosos, pois é meio óbvio que não tenham muita experiência prática no assunto. Eles nada sabem sobre a ansiedade da espera de encontrar alguém quando a gente está solteira, pois eles são os únicos solteiros que não sofrem nenhuma pressão da sociedade. Eles não sabem o que é estar numa balada sendo bombardeada de informações e finalmente alguém oferecer um drinque e uma conversa, e tentar, nessa única conversa abafada pelo som da música estourando, tentar saber se aquela pessoa tem os pré-requisitos para nos apaixonar.

Não sei se um padre também já esteve num encontro às escuras, aqueles onde um casal de amigos sabe que você está encalhada e cisma que você é a alma gêmea do amigo encalhado deles. Aí vocês se encontram naquele restaurante da moda, e eles ficam fazendo as piadas certas e contando sua história de amor desde o início, para envolver você e o amigo encalhado no clima de romance e diversão e, quem sabe, formar um novo casal. E você percebe que, apesar do amigo encalhado ser gente boa, a única coisa que ele tem em comum com você é o fato de estar encalhado, e a coisa não podia ter menos química! E você volta para casa quadruplamente frustrada, por ter estragado sua noite, a do seus amigos e a do amigo encalhado deles.

Será que os padres alguma vez esperaram o telefone tocar, sabendo que ia tocar mais cedo ou mais tarde, e que a voz do outro lado ia levá-los ao paraíso mesmo antes do juízo final? Será que já se sentiram no fim de uma jornada de procura e expectativa ao segurar a mão de alguém, ao ouvir um “eu te amo” sussurrado no ouvido, para logo depois descerem ao inferno de danação e pensar que a vida acabou quando o “grande amor” chegou ao fim? Será que eles já ficaram confusos e arrasados com a descoberta do “amor que acaba” quando tudo o que lhes foi ensinado é que o amor verdadeiro é pra sempre? Será que alguém já lhes prometeu “até que a morte nos separe” para um belo dia receberem a solicitação “eu quero o divórcio”?

E então eu me pergunto: o que os padres podem nos ensinar sobre o amor que já não sofremos, testamos, vivemos e experimentamos na nossa nada santa vida? A usar as roupas certas e nos comportar da maneira certa para conquistar alguém? Sempre pensei que o jeito certo fosse ser eu mesma, pois se alguém gosta de mim do jeito que eu sou - é de verdade. A ir aos lugares certos? Já vi lindos casamentos começarem na internet, na balada, no local de trabalho, num hospital e até mesmo na guerra... Existem regras?

A única regra para “encontrar alguém” parece estar um pouco esquecida atualmente. E como já dizia Madonna, nos anos 80 (enquanto chocava alguns padres, com sua atitude): Open your heart to me, baby... I hold the lock and you hold the key....

Com direito a duplo sentido e tudo!