sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tango ou Valsa?

O início de um relacionamento é uma fase crítica, pois, junto com o sentimento arrebatador da paixão, que nos faz desejar loucamente a companhia de alguém, seguem outros sentimentos contraditórios e perturbadores, que fazem com que tenhamos a sensação de estar pisando em ovos. Ainda não conhecemos o outro totalmente, e a insegurança a respeito de sua personalidade e da intensidade com que ele está correspondendo aos nossos carinhos começam a turvar o doce mar do romantismo.

Todos os livros de auto ajuda que prometem resgatar a nossa vida afetiva são unânimes em afirmar que o ser humano tende a preferir as pessoas que estão o mínimo disponíveis, e dizem que o que é mais raro é mais valorizado. Ou seja, estimulam a gente a dizer não aos nossos pretendentes, roubando-lhes os lances que premeditam, com o intuito de frustrar suas expectativas e nos tornar mais caros aos seus olhos.

Sempre achei essas dicas um tanto quanto cruéis, pois, para mim, tudo o que tem haver com a astúcia é falso e merece desconfiança. Pessoalmente, tenho muita preguiça desses joguinhos de deixar o telefone tocar infinitamente sem atender, mesmo estando louca para falar com a pessoa. Ou então, contar cinco dias depois de um encontro para procurar a pessoa de novo. Não sei se isso é o peso do amadurecimento, ou se é o imediatismo da vida moderna que me deixa com preguiça de “fazer cera” com alguém, o fato é que adoro lances espontâneos do tipo: “sei que acabei de te deixar em casa, mas resolvi ligar mais uma vez só para dizer que o encontro foi maravilhoso!” Não sei se as mulheres de 20 anos tem paciência para tanta espontaneidade, só sei que eu seria incapaz de desprezar um gesto tão carinhoso, mesmo por que, na altura da vida em que estou, sei o que admirar em alguém, e não é um telefonema de mais ou de menos que vai balançar minhas opiniões.

Mas a grande maioria das pessoas se encaixa exatamente no padrão de livros de auto ajuda. Desprezam telefonemas no meio da noite, sentem-se invadidas se alguém as procura muito e caem no pranto da insegurança se o seu affair some por sete dias seguidos, exatamente como os tais livros de auto ajuda rezam.

Fico pensando por que a gente não deixa a vida correr no seu ritmo natural, e por que entramos em joguinhos tão mesquinhos? Mas reconheço, muitas vezes necessários. Por que é tão avassalador dizer, na lata, como uma pessoa é importante para a gente, por que seguramos as palavras, os gestos, os carinhos, tudo para deixar alguém inseguro o suficiente para estar preso a nós? Será que pensamos que isso é uma forma requintada de sedução? Para mim, a sedução já deixou de ser requintada faz tempo, principalmente por que não tem nada menos sexy do que um convite para sair via Facebook.

Uma vez um homem (muito sedutor) me disse que cortejar uma mulher era como dançar um tango... Saber conduzir, saber colocar-se vulnerável na hora certa, fazer uma promessa para logo em seguida causar uma decepção, dar um, dois, três passos em direção a ela, e quando estiver bem próximo, simplesmente recuar e deixar que ela venha atrás...

Muito interessante tudo isso, mas eu prefiro dançar uma valsa... Onde os dois seguem juntos, giro por giro, com movimentos cronometrados... Tango é sexy e sem dúvida nenhuma, arrasador para um coração (sem falar em outras partes do corpo), mas cá pra nós, para dançar uma valsa, é preciso muito mais sinceridade com o seu par... E sem dúvida é uma dança muito, mas muito mais romântica...




sábado, 16 de julho de 2011

Para os Homens

No Dia da Mulher, ganhamos flores, somos paparicadas e homenageadas, reclamamos nosso respeito e dignidade e somos reconhecidas como as grandes mantenedoras da humanidade. Agora inventaram o Dia do Homem. Sinceramente não sei o que o Dia do Homem significa. Não me parece que o homem, gênero que sempre dominou o mundo mereça um dia para ser lembrado, uma vez que os outros 364 dias do ano eles imperam soberbos.


Ainda ontem, no metrô, ouvi, por acaso, uma moça ter uma discussão com o namorado pelo celular. Ela falava em tom meigo e choroso, se humilhando realmente, dizendo que o namorado estava a tratando com frieza, que não suportava ficar sem ele, que o amava, e blábláblá. A acolhida não devia estar sendo boa, por não demorou para que as lágrimas lhe viessem aos olhos. Fiquei penalizada. Por que os homens sempre sabem nos machucar quando querem?

Porém, devo reconhecer a injustiça do meu raciocínio. Os homens fazem parte de um equilíbrio sem o qual nada seria possível. Até mesmo essa “frieza” com que conseguem lidar com situaçãos emocionais é extremamente importante para todos nós. Quando penso em “homem”, como um gênero em geral, penso em força, em razão, em coragem. Reconheço que a maioria dos homens que eu conheço possuem essas características, em menor ou maior grau. Os homens são controlados como nós mulheres nunca poderemos ser. Eles são analíticos. E nem por isso, menos capazes dos sentimentos mais ternos, mais violentos, como o amor, a paixão, o ciúme, a inveja, o desespero.

Dizem que por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher. Mas admito que toda grande mulher precisa de um bom homem ao seu lado.

Penso que, na natureza, o gênero masculino da nossa espécie foi o que mais preservou suas características primitivas, como a necessidade de proteger, o instinto violento que o faz competitivo e caçador. Nós mulheres não somos assim. Nós absorvemos características masculinas mais profundamente. Foi o que nos permitiu conquistar posições que antes eram exclusivamente masculinas.

Por isso hoje, fica minha homenagem a todos os homens que podem ser realmente chamados de Homens, assim com H maiúsculo. E meu obrigada aos amigos, colegas, pais, tios, irmãos, namorados, filhos, maridos, amantes que eles são. Obrigada por não caírem no choro quando recebem uma bronca no trabalho. Obrigada por nos protegerem, por cuidarem de nós e nos tratar como princesas, e por, muitas vezes, serem os príncepes encantados que precisamos. Obrigada por não se chatearem com coisas pequenas e saberem evitar uma discussão quando tudo o que queremos é brigar e colocar lenha na fogueira com todos os nossos hormônios em ebulição. Obrigada por trocarem o pneu do carro, por sempre nos lembrarem que precisa trocar o óleo. Por puxarem a cadeira para a gente se sentar. Por ficarem tão surpresos e agradecidos quando cedemos aos seus desejos mais simples. Por fazerem com que a gente se sinta linda, com uma olhada apenas. Obrigada por ficarem tão confusos ao lidar com as mulheres, e por saberem às vezes exatamente o que pensamos. Por trabalharem tão duro pelas suas famílias.

E obrigada por chorarem quando ficam emocionados. Por conseguirem falar dos seus sentimentos. Por sonharem em ter um filho. Por sentirem medo. Por serem o nosso complemento perfeito.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Aquelas pessoas tão legais...


Eu admiro muito as pessoas legais.


São aquelas que sabem ser agradáveis e conversar em tons amenos com qualquer um, de forma que quando saem de uma sala, deixam alguém sorrindo em um canto. Ou então, quando é lembrada para algum evento, as pessoas sempre dizem assim: “isso, vamos convidar o fulano, ele é tão legal...” As pessoas legais sabem fazer os outros sorrirem, estão sempre alegrinhas e contando casos espirituosos. Elas não entram em disputas de opinião, tem um jeitinho de colocar as suas sob um prisma que combina com o de todo mundo, sem discordar de ninguém. Elas não polemizam, não ficam de nenhum lado. É comum ouvir uma pessoa legal dizer: “Sei que ele te tratou abominavelmente, mas comigo ele sempre foi gentil...”

Fico na dúvida se as pessoas legais não tomam partido de ninguém por que são justas ou se estão com medo de perderem um admirador, ou ainda, se elas dizem sempre a coisa certa na hora certa por que aprenderam a dizer exatamente o que a gente quer ouvir...

Eu sempre desconfiei de pessoas que não têm uma opinião firme pelo menos, sobre um determinado assunto, ou que estão dispostas, à menor argumentação, a mudar seu ponto de vista, para concordar com o outro. Fico pensando se essas pessoas são de fato dóceis e gentis ou se elas são apenas inseguras, ávidas por aprovação.

O real caráter de uma pessoa legal não precisa de fato ser conhecido, para que ela seja admirada e bem quista. Basta que alguém distribua sorrisos, amabilidades e favores para ser considerada legal? Ou nós  estudamos o interior de alguém antes de elevá-lo a esse status?

A maioria de nós prefere mesmo evitar conflitos e estar ao lado de pessoas leves e divertidas. A solicitude dessas pessoas as fazem ótimas ouvintes quando queremos falar sobre futilidades, intriguinhas sem importância, mas quando temos um real problema, ou quando as requisitamos para as grandes causas, elas fogem como o diabo da cruz. E quando precisamos de um conselho sensato sobre alguma coisa, elas se recusam a opinar, resumindo, uma pessoa legal nunca vai dizer que você está realmente acima do peso, o que seria muito mais proveitoso para você.

Assim, seguimos poluindo nossos relacionamentos com a falsa expectativa de honestidade. Preferimos sugar a alegria de um falso amigo do que suportar as falhas de um amigo que não está disposto a amaciar suas opiniões, mas que será, porém verdadeiro.

E fico pensando se as pessoas que realmente nos amam e se importam conosco são essas que sempre dizem exatamente aquilo que desejamos ouvir, mas que são incapazes de nos segurar no colo quando mais precisamos.