domingo, 21 de outubro de 2012

Como se comportar com alguém com necessidades especiais?






Eu me procupo com a questão da acessibilidade porque tenho uma irmã cadeirante. Para mim é comum e corriqueiro chegar em algum lugar e com um olhar já fazer aquela análise... Se tem rampa de acesso, elevador, se o vão das portas é largo o suficiente, se o piso é escorregadio, se as mesas e cadeiras estão distantes suficientemente umas das outras, se a altura das mesas permite que um cadeirante se instale sem problemas, se existem banheiros acessíveis e outra infinidade de detalhes que quem não convive com pessoas com necessidades especiais não repara.

Claro que quem não vive essa realidade não pensa muito a respeito, ou antes só pensa quando a questão é levantada por alguém. É até natural isso. Existem várias realidades que não conhecemos e que não nos habituamos a considerar. Mas isso está errado. O mundo precisa ser acessível e bom para todos, não apenas para a maioria. Mesmo porque as realidades mudam, todos nós um dia seremos idosos e quiçá precisaremos de um mundo adaptado às nossas necessidades.  Todos nós temos avós, tios, parentes, amigos, vizinhos, colegas de escola, enfim, alguém do nosso convívio que precisa de uma atenção diferenciada, por qualquer motivo, seja um cardápio de restaurante em braille ou piso antiderrapante. Basta simplesmente torcer o tornozelo para que uma escada sem corrimão se torne um Everest a ser escalado.

Recentemente, nas eleições, apesar de toda a propaganda apelando para a importância dos votos, para o sistema ultra moderno das nossas urnas eletrônicas que divulgaram o resultado da votação minutos após o encerramento, o que se via nas zonas eleitorais era uma batalha para velhinhos e deficientes físicos conseguirem subir vários lances de escada para votar. Não havia zonas especiais no térreo das escolas. Como pode existir cidadania e democracia dessa forma?

Porém, para esse tipo de coisa, existem leis que obrigam os locais públicos a se adaptarem. Arquitetos e engenheiros já pensam espaços acessíveis rotineiramente. Shoppings podem ser multados e processados se uma criança escorrega num piso molhado e se machuca. Existem normas claras de tamanhos de vãos de portas, elevadores e escadas. Banheiros, bebedouros e telefones públicos devem ser acessíveis. Isso tudo não somente pensando no conforto das pessoas especiais mas também na segurança de todos. 

Mas e nós? Estamos preparados para seguir as leis? Estamos preparados para nos comportar da maneira mais solidária e adequada mesmo quando não existir uma lei que nos obrigue a isso, quando estamos num local privado? Nem sempre. Às vezes até mesmo por ignorância. A falta de informação nos impede de agir adequadamente mesmo quando nossa intenção é essa.

Seguem abaixo algumas regrinhas de ouro que podem nos nortear nesse sentido:

1)  Ajuda: nem sempre o deficiente físico precisa de ajuda. Geralmente quando o ambiente tem as adaptações necessárias, não é preciso. Mas quando observar que alguém encontra-se em dificuldades ou que falta algum acessório para acessibilidade, ofereça ajuda. A pessoa vai lhe dizer o que você pode fazer. Se for um deficiente visual, toque de leve o ombro da pessoa e identifique-se, pergunte se pode ajudar e como.

2) Nunca, jamais se apóie, sente, toque na cadeira de rodas sem pedir permissão. Lembre-se, esse acessório faz parte do corpo da pessoa que dele necessita. Antes de empurrar, pergunte se pode ajudar primeiro, pois as cadeiras que não são motorizadas vem com um aro para que o próprio cadeirante a movimente, e se alguém empurra bruscamente, pode machucar suas mãos.

3) Quando um cadeirante ou pessoa com locomoção especial vem em sua direção e não há passagem suficiente para ambos, é você quem deve parar e aguardar a pessoa passar. É uma preferência cortez que a sua educação e sensibilidade deve oferecer, visto que para você ficar parado esperando o outro passar é fisicamente mais confortável. Concorda?

4) Em corredores de shopping é comum as pessoas se espremerem entre a cadeira de rodas e um vão pequeno, principalmente se estiver cheio. Ou então, correrem para passar na frente da cadeira. Isso além de ser uma grosseiria, é perigoso. Alguém pode se machucar. Cuide principalmente das crianças para que elas não tentem competir pela passagem com uma cadeira de rodas. Vamos zelar pelo conforto e segurança de todos.

5) Elevadores: a preferencia óbvia é do cadeirante. Espere que ele entre, segure a porta se for necessário. Ainda que você esteja com pressa, lembre-se: você pode subir escadas.

6) Quando não houver fila destinada a pessoas especiais e idosos, mulheres grávidas e pessoas com crianças de colo, eles tem preferência na fila comum, é um direito previsto por lei. Portanto, dê passagem e lembre às outras pessoas na fila de também fazê-lo.

7) Essa ninguém deveria ter que lembrar, mas não custa: nunca  estacione nas vagas destinadas à idosos e pessoas especiais. Nunca estacione nas vagas destinadas à idosos e pessoas especiais.  E nunca estacione nas vagas destinadas à idosos e pessoas especiais.

8) Seja cortês não somente com pessoas especiais, mas com todo mundo. Deixar passar, abrir a porta, segurar a porta do elevador, dar um lugar para alguém mais velho sentar, ajudar a carregar as compras... A gentileza tem o condão de ser contagiosa. Uma vez uma senhora deixou cair uma sacola e suas coisas se espalharam pela rua... Ajudei-a a recolocar as compras na sacola, ela foi embora sem sequer me agradecer. No dia seguinte nos esbarramos de novo e ela sorriu. E no seguinte ela me disse "Bom dia". Aposto que hoje ela seria capaz de ajudar alguém a recolher algo que caiu na rua, se ela tiver a oportunidade.

Gentileza. Essa palavra simples que tem a incrível capacidade de tornar o mundo melhor.