segunda-feira, 18 de abril de 2011

A pessoa certa... na hora errada!

Um amigo meu acabou de conhecer uma pessoa incrível. Foi numas férias no litoral. Segundo ele, sete dias ao lado de uma garota como ele nunca havia conhecido antes. Uma pessoa totalmente arrebatadora, responsável, independente e charmosa. Obviamente, ele ficou muito encantado e a coisa fluiu magicamente. Ao voltarem de férias descobriram que eram praticamente vizinhos e o romance engrenou de verdade. Até, é claro, ele perceber que estava muito envolvido e resolver “dar um tempo”. Ele queria fazer mais viagens, sair sem compromisso com outras mulheres, passar noitadas em baladas até se amarrar a alguém seriamente, pois vinha de um namoro problemático, de alguns anos.


Uma semana depois do “dar um tempo”, ele esbarra com a moça num restaurante, na companhia de um rapaz simpático. Pois é, ele ficou arrasado! Será que ele achou que essa moça incrível ia ficar disponível a vida inteira, até que ele pudesse cair na real e perceber que tinha algo valioso nas mãos? Não, né...

Como meu amigo, muitas pessoas “deixam de viver”. Elas abrem mão de relacionamentos promissores para “curtir a vida”, e decidem quando é hora de se entregar e quando é hora de viver prazeres momentâneos, como se pudéssemos planejar cada movimento da vida, como se tivéssemos controle sobre o acaso.

Muitas vezes ouvi dizerem a frase: a pessoa certa na hora errada. Confesso que acho isso a maior babaquice. A pessoa certa não tem hora marcada para aparecer. A gente é que decide a hora de viver, como e quando. E relacionamentos são como oportunidades de emprego, ou oportunidades de investimentos. Nem sempre aparecem quando estamos preparados para eles. Quantas vezes nos se apresenta um investimento que não temos como bancar, e se tivéssemos, o lucro seria certo? Lamentamos. Ou então, vamos correr por um empréstimo. Pois oportunidades devem ser agarradas quando aparecem, ou elas podem não aparecer mais.

Com as pessoas é a mesma coisa. Quando deixamos de viver aquilo que a vida colocou no nosso caminho por medo, por achar que “não é a hora certa” ou com a pretensão de “curtir a vida”, estamos arriscando a chance de uma felicidade que pode nunca mais vir. Quando o coração dispara por alguém, é o nosso organismo nos avisando: essa pessoa vale a pena, essa pessoa é especial. Infelizmente, na hora, não vislumbramos o risco que estamos correndo. O arrependimento só vem tempos depois, quando é tarde demais.

Afinal, curtir a vida é algo que pode ser feito ao lado de alguém que amamos. Aliás, nesses casos, a curtição é bem melhor, ou maior. Diferente, mas também satisfatória. O que não vale é deixar de viver. Nenhuma curtição vale adiar as nossas vidas, que como sabemos, são curtas.

Ah, o conselho que dei a meu amigo? Paciência, irmão! A gente tem que saber perder quando não foi competente o suficiente para ganhar...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Chocados com a tragédia de Realengo? Pois é...

Vendo a comoção causada pela chacina do Rio,





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não posso deixar de ter um pensamento: vocês, que estão tão chocados, em que mundo vocês vivem? Será que as pessoas andam dormindo e aí, quando acontece uma tragédia dessa proporção, todo mundo resolve abrir um olhinho e dar uma espiada, e então se lamentar?

Pena que esse olhinho vai se abrir, expressar algumas frases de praxe como “onde é que nós estamos?”, e vai voltar a fechar para o problema da educação no Brasil. Ou vocês não sabem a situação das escolas da periferia brasileira? Vocês não sabem que alunos armados em classe é corriqueiro? Vocês não sabem que vira e mexe alguém é baleado na porta de uma escola, para não ir tão longe, no Palmital por exemplo, ou algum professor é ameaçado pelo líder (que muitas vezes não passa de um menino) de alguma gangue? Vocês não sabem como é comum que a violência e o tráfico ditem as normas nas escolas do Brasil?

Eu é que estou chocada com a sociedade brasileira. Capaz de eleger uns Bussolnaros da vida, capaz de colocar a mão no rostinho e dizer: oh que tragédia, mas incapaz de compreender que esse é só um fato pontual, triste, inadmissível e incompreensível, mas representativo do problema da violência, do acesso às armas, da educação deficiente, da falta de ação dos nossos políticos, de projetos de leis que visam melhor segurança e propiciar o desarmamento do brasileiro parados.

Em 23 de Outubro de 2005 63% da população votaram pelo NÃO ao desarmamento. Agora estamos todos chocados quando um moleque psicopata pega uma arma calibrada com equipamentos de fácil acesso pela internet (fácil acesso inclusive no custo) e chacina crianças inocentes em uma escola.

Parabéns, Brasil!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Perdão: até onde conceder?

“Errar é humano. Perdoar é divino“.






Com essa frase de conhecimento popular, começo minha reflexão de hoje, consciente de que todos nós, em maior ou menor grau, fomos magoados, agredidos ou decepcionados por alguém em quem confiávamos. Em muitos casos, parece que a mágoa atinge níveis catastróficos, pois o mais comum é detonar o fim do relacionamento com a pessoa em questão. Até onde devemos perdoar as pessoas e até onde é possível salvar um relacionamento machucado por uma grande mágoa?

As religiões nos dizem que o perdão enobrece a alma. Vai dizer isso a uma pessoa que foi muito agredida ou machucada por outra, de forma irreversível! O perdão parece uma grande piada quando o efeito da mágoa é avassalador. Parece até mesmo uma coisa errada e injusta. Mas para as situações cotidianas da vida, o perdão é absolutamente necessário. Pois nada mais danoso que o efeito de uma grande mágoa no coração da gente. E o alívio de perdoar aquela dor causada e esquecer. Perdoar e esquecer tem efeito de bálsamo na alma, falo isso por experiência própria.

Mas algumas pessoas tem o péssimo hábito de fazer do perdão uma autorização para continuar um comportamento inaceitável com as outras. Partem do princípio de que, se foram perdoadas uma vez, serão continuamente. E se valem da pré-disposição à benevolência do outro para se safarem de situações desagradáveis. É aí que eu penso que o perdão é inadequado. Afinal todo mundo merece uma segunda chance. Mas não merece uma terceira, nem uma quarta e muito menos uma quinta.

Recentemente estive às voltas com meu coração, sobre um perdão que eu questionava se deveria conceder ou não. Na verdade, a pessoa em questão já havia destruído, com seu comportamento, a maioria dos sentimentos positivos que eu tinha em relação a ela, e não me envergonha dizer que eram os mais nobres e sinceros que já fui capaz de produzir na minha insignificante existência. Eu não podia permitir que ela destruísse também a possibilidade de reproduzir esses sentimentos no futuro, com pessoas realmente merecedoras deles, nem os sentimentos positivos que eu tinha em relação à vida, aos meus próprios sonhos, a minha alegria de viver.

Quem concede o perdão, não raramente, busca a gratidão e o reconhecimento. É um erro. Muitas vezes as pessoas que nos magoam o fizeram pela incapacidade de valorizar o sentimento do outro, e não vão se sentir gratas por terem sido perdoadas. O perdão deve ser um presente para nós mesmos e não para o outro. É por isso que ele é tão valioso...

Se eu perdoei? Estou batalhando firmemente para que isso aconteça. Como? Enviando bons pensamentos à pessoa que me feriu. Desejando de todo o coração que ela seja feliz e que aprenda a valorizar mais os sentimentos dos outros, as graças da vida, o amor, a lealdade e acima de tudo, as pessoas especiais que por ventura aparecerão em sua vida. Incluindo-a em minhas orações. E pedindo, mentalmente, perdão pelas possíveis falhas do meu próprio caráter que possam ter estimulado o mau comportamento a que fui submetida.

Se isso faz bem a essa pessoa eu nunca vou saber. Mas faz bem para mim e para meu coração. No fundo, o perdão também é uma forma de cuidarmos de nós mesmos.