sábado, 31 de janeiro de 2009

Lucíola

Esse clássico da nossa literatura romântica com certeza é um dos meus dez livros preferidos. De José de Alencar (o mesmo de O Guarani e Iracema), foi publicado pela primeira vez em 1862, e conta o romance do jovem Paulo com Lúcia, a mais bela e cobiçada cortesã do Rio de Janeiro.

A história se passa em meados do século XIX, e não só é uma janela para uma época que eu acho fascinante, como demonstra a organização de uma sociedade hipócrita e puritana.

O enredo em si é muito simples e nem é tão original, uma vez que conversa claramente com a obra de Alexandre Dumas, A Dama das Camélias. O romance de Dumas foi uma mania da época e também inspirou a ópera La Traviatta, de Giuseppe Verdi. É essa ópera que Edward (Richard Gere) leva Vivian (Julia Roberts)para assistir, no filme Uma Linda Mulher, que também conta o romance pós moderno entre um milionário solitário e uma jovem prostituta de Bervely Hills.



As cortesãs são alvo do fascínio desde que o mundo é mundo. No oriente, as gueixas tinham destaque social e passavam por um sofisticado processo de educação, que podia levar anos, o que não incluía absolutamente a satisfação sexual dos parceiros, mas satisfazer um homem em todos os sentidos: no modo de falar, na cultura, no modo de se vestir e caminhar, com música e dança.
Ainda no oriente, temos concubinas, na índia, que eram educadas com os refinados ensinamentos do Kama Sutra, que incluem desde complicadas posições sexuais a segredos de perfumes exóticos e etiqueta. No império romano, os prostíbulos eram quase regiões sagradas, sob a proteção da Deusa Vênus, atacar um prostíbulo durante uma guerra significava ofender a divindade.

No puritano Rio do séc. XIX, as cortesãs tinham um papel social bem definido, eram relativamente aceitas. Elas podiam circular livremente nos salões e teatros para enfeitá-los com sua beleza, mas se decidissem se casar com um rapaz honesto, isto era visto como um escândalo.

José de Alencar praticamente tece, com delicados floreios de literatura, a história doce e apaixonante de Paulo e Lúcia. A heroína romântica é típica: "a verdadeira imagem da mulher que no abismo da perdição conserva a pureza d´alma". Mesmo capaz dos mais altos sacrifícios por seu amor, a personalidade de Lúcia não é nada reverente. Ela é forte e apaixonada, e encontra em Paulo a chance de resgatar sua vida. Paulo, no início duvida de sua amada, julgando que uma prostituta seja incapaz de abandonar a vida de dissipações por seu amor, mas recebe de Lúcia as maiores lições de dignidade.

Lucíola é uma história de amor atemporal, não mais que isso. Mas carregada de belas metáforas, delicadíssima e é uma leitura tão fácil e tão agradável, que é impossível não se apaixonar por ela...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Cem anos de solidão

Quando propus a minha amiga Dani que falássemos, em nossos respectivos blogs sobre nossos 10 livros preferidos, não imaginei que fosse uma tarefa tão difícil! Sou uma leitora voraz, mesmo por que não consigo dormir sem antes cansar a vista com algumas páginas. E 365 noites por ano exigem muitos livros disponíveis. Com essa conta, dá para imaginar quantos livros eu adoro no mundo, e escolher apenas 10 pode parecer uma grande injustiça. Já imagino uns outros 50 gritando, magoados, na minha cabeça, por terem sido preteridos.

Mas injustiça seja feita, preciso cumprir com o combinado.

A Dani falou muito ternamente de um livro da sua infância... Os livros da minha infância são com certeza deliciosos, mas para não copiar, vou falar de outro livro hoje, um que me impressionou a ponto de ser lido e relido. E cada vez que leio, acho algo novo, diferente, que não havia percebido na leitura anterior.

Hoje vou falar de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marques.

O romance narra a história de uma cidade mítica e da numerosa descendência de seu fundador, durante cem anos. Foi lançado em 1967 e é tido como uma das obras primas da literatura latino-americana. É feito da matéria que faz qualquer livro inesquecível, senão absolutamente necessário: fantasia, loucura, sofrimento, realismo, crueldade, paixões à flor da pele.

Rendeu ao seu autor fama de celebridade mundial e um Prêmio Nobel da Literatura.

Sou louca por tudo que esse colombiano escreve, por dois motivos: a literatura dele é luxuosa, e ele fala de coisas extremamente simples, sentimentos comuns, de uma forma nada cotidiana. E é preciso mesmo ter uma mente tão ampla e tão brilhante para escrever histórias de amor, de sofrimento, encontros e desencontros, temas desconcertantes como incesto e loucura, de uma forma tão poética, tão bela.

Cem anos de Solidão é dessas histórias que vamos devorando página por página, e quando terminamos, pousamos o livro no peito, olhando embasbacados para frente, e dando um longo suspiro, de pura perplexidade...

Leia também:
Do amor e outros Demônios
O amor nos tempos do Cólera
Memória de Minhas Putas Tristes

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Livros Perigosos

A nova mania entre as crianças não é um jogo de computador nem as aventuras fantásticas de um bruxo ou super herói! Incrivelmente, as crianças agora pedem um Livro que ensina a brincar e a ser criança de Natal!

O Livro Perigoso para Garotos já é um best seller, de Conn e Hall Iggulden, editora Record, constando na lista de mais vendidos.


A idéia é fantástica, e o livro em si um primor. Encardernação bonita, imagens, desenhos e mapas, e o melhor: conteúdo de brincadeiras, mágicas interessantes, poesia, jogos, fantasia, tradições... O livro é uma mistura de almanaque, enciclopédia e manual de instruções para meninos e ensina desde a construir uma casa na árvore a desenhar com tinta invisível! Ensina a jogar poker e traz textos interessantes de grandes autores e obras literárias, com edições adaptadas ao público de cada país onde é lançado.

Em contra partida, veio O Livro das Garotas Audaciosas, de Andréa J. Buchanan e Miriam Poskiwitz, é a versão autorizada, porém direcionado às meninas. Brincadeiras deliciosas resgatadas como pular elástico, corda, brincadeiras de bate palmas, mescladas com manuais utilíssimos de moda, sobre como organizar uma festa do pijama e fantásticas histórias de mulheres audaciosas em todo o mundo.

Só vejo duas coisas bem tristes nessa brincadeira toda:

A primeira é a segregação dos sexos nessa idéia maravilhosa. Por que não um O Livro perigoso para Crianças, ou O Livro das Crianças Audaciosas? Será que as crianças já têm que aprender desde cedo a difícil e quase impossível tarefa de compreender, conviver e se relacionar com o sexo oposto? Será que brincando juntas esse relacionamento não seria mais tranquilo quando adultos, assim como a convivência e a aceitação? Por que não meninas em carrinhos de rolimã e meninos brincando de casinha? Qual o problema, meninas não se tornam motoristas e meninos não serão pais e maridos? Para embasar minha opinião, tenho que compilar a crítica da seriíssima Veja.com, que diz que O Livro Perigoso para Garotos é “desdenhoso das invenções modernas como o IPod e o Feminismo”.

A segunda é: O que aconteceu com essa geração? Por que as crianças desaprenderam simplesmente a ser crianças? Eu nunca tive um manual de brincar de amarelinha, esse era um conhecimento passado de criança para criança, de pai para filho, e era muito natural para mim saber todas as manhas, as brincadeiras, os truques de ser criança. Eu não tinha computador, nem celular, nem moto elétrica, mas eu já fui She-Ra, Mulher Maravilha, já pendurei em árvore, já fiquei perdida debaixo da minha cama, já surfei na areia da pracinha, já voei de jatinho na vassoura, já beijei o menino mais lindo no Salada Mista, já ralei o joelho na Queimada, já tive criação de joaninhas, já soltei pipa confeccionada por mim, já fui chefe indígena, já patinei no gelo (no asfalto)...

Enfim, esses livros resgatam uma infância perdida, mas por que ela está perdida? Isso me assusta e me entristece...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Loira nossa de cada dia...


Poucas coisas aproximam tanto as pessoas como a nossa amada, adorada, preferida, imprescindível bebida nacional: é ela, a cerveja!!

Uma bebida levemente alcoolica, de cores que variam do amarelo dourado, ambar, vermelha, marrom e até preta, obtida pela fermentação do amido sacarificado. Enriquecida com flores de lupulus e pausteurizada, a cerveja é a bebida mais consumida no mundo, sendo que em cada região há um tipo de cerveja e um padrão cultural de consumo.


Algumas fontes dizem que foi inventada pelos babilônios, 3000 a 3500 a.c., outras reclamam a autoria aos Bávaros, que sofisticaram o processo de fermentação da cevada. Seja lá quem tenha inventado, fez muito bem, e hoje podemos beber agradecidos. Ou agradecer bebendo.


A cerveja é pretexto pra tudo, e tudo é pretexto para tomar cerveja! Ver alguém que não encontramos há tempos? “Bora tomar uma cervejinha”. Ou ainda, pra simplificar: “Bora tomar uma”. Encontro de amigos? Comemoração? O dia está quente? Precisamos chorar as mágoas? Estamos felizes? O dia foi difícil? Praia? Montanha? Cidade? Cerveja!!!

A loira é a preferência nacional. A cerveja é o símbolo maior da democracia: a mesma marca pode lotar o freezer do rico como do pobre. Inclusive, numa mesa, todos que bebem são iguais. Patrão bebe com empregado, rico bebe com pobre, pai bebe com filho, preto bebe com branco e todo mundo fica amigo quando tá tomando uma gelada junto.

Passou? Senta pra tomar uma. Sentou, sorriu? A conta dividiu. A cerveja está para o Brasil como o Azul, o Branco e o Vermelho estão para a França! Liberdade, Fraternidade, Igualdade!

Prepare-se para ter a vida social destruída se você não for adepto da loirinha. Se não aprecia, passe a apreciar (por experiência própria sei que é possível). Se não deu, finja que bebe. Fique com seu copo na mão, assim de bobeira... Às vezes as pessoas percebem que você não está bebendo, não repare, é o espírito de solidariedade do bebedor de cerveja: não pode ver um copo esquentando ou vazio...

Para saber mais:
- Vá para um buteco* e peça uma “gelada”.
- Acesse:
http://www.cervejasdomundo.com/
- Leia A cerveja, de Josimar Melo, editora Publifolha

Dicas preciosas:
- Evite a Kaiser. A Summer está liberada.
- Evite misturar com outro tipo de bebida... Tem gente que não mistura nem as marcas.
- Beba gelada, mas não deixe empedrar jamais.
- Lave suas latinhas antes de colocar na geladeira.
- Dê um jeito de contar as cervejas que for pedindo num buteco, chega num ponto que ninguém mais sabe quantas são, só o garçom, e você não vai querer depender dele, né...
- A mais importante: SE BEBER NÃO DIRIJA, SE FOR DIRIJIR, NÃO BEBA!!!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Pessoa Especial


Quando fiz cinco anos minha mãe engravidou da minha irmã caçula. Lembro-me de ficar deitada com o ouvido na barriga dela, tentando ouvir o neném. E de fazer aquelas perguntas constrangedoras do tipo: "Como ele foi parar aí dentro?" "Como ele vai sair?"

Um dia fomos levadas, minha irmã mais velha e eu, para a casa da minha avó, pois a mamãe ia para o hospital "ganhar o neném". Estávamos ansiosas e perguntávamos todo o tempo pela mamãe e pelo neném.

Há 25 anos o exame de ultrasson não era tão popular nem tão sofisticado como hoje, de forma que não era feito obrigatoriamente no acompanhamento pré natal, então minha mãe nem chegou a fazer, por que a gravidez foi tranquila e muito saudável. Esperávamos que fosse um menino dessa vez.

Mas, dois dias depois, quando minha mãe chegou em casa sem o bebê, ficamos decepcionados: era outra menina e o bebê não viria logo, pois nascera "doente" e precisaria ser operado para melhorar. Choramos muito, e naquela confusão, ninguém se lembrou de explicar muito bem para minha irmã e eu o que estava acontecendo.

Quando finalmente conheci minha nova irmãzinha, achei que ela não parecia nada doente. Era um bebê lindo, rosado, cabelos pretos abundantes e olhos grandes e escuros, com cílios compridos e negros. Queríamos tocá-la todo o tempo e minha mãe jamais baixava a guarda, com medo que pudéssemos machucá-la. Apesar de ter perdido meu posto de caçulinha da casa, não me lembro de sentir ciúme, ou hostilizá-la, o que seria uma atitude normal. Eu sabia que ela era especial, e isso dava-lhe licença de tirar meu colinho.

Com o tempo descobrimos que a "doença" era um problema de formação conhecido como síndrome da espinha bífida, ou seja, uma parte da espinha dorsal não se completa, deixando os nervos da coluna expostos a lesões durante a gestação. Isso causou em minha irmã paraplesia nas pernas e lesões no aparelho urinário.

A infância dela foi marcada por cirurgias, fisioterapia, aparelhos ortopédicos. Aquilo se tornou natural em nossa família. Convivendo com uma pessoa com necessidades especiais, nunca achei extraordinário ver alguém de muletas, cadeirante, ou se locomovendo de forma diferente. Era normal para mim existirem pessoas diferentes no mundo.

Mas não é para a maioria das pessoas, que mal conseguem evitar aquele desagradável olhar compassivo, como se estivessem diante de um terrível sofrimento, ou de uma aberração. Esse olhar me irrita profundamente, mais até que o preconceito, pois o preconceito muitas vezes é resultado da ignorância, enquanto esse olhar é movido pela pena.

Não conheço um sentimento mais inadequado para se ter em relação à minha irmã do que pena. Ela é linda, saudável, inteligente. Personalidade forte, às vezes muito mau humorada, brava, excepcionalmente sensível e perceptiva, exageradamente preocupada com o próximo. E é a pessoa mais valente e forte que eu conheço. É por isso que sou tão intolerante com pessoas apáticas, que acham dificuldade em tudo, que não vão à luta, que se deprimem por coisas bobas, mesmo podendo caminhar normalmente, correr e trabalhar sem mais difculdades. Pessoas que jamais passaram por uma cirurgia dolorosa (ela já fez tantas que já perdi a conta). Sobretudo me irritam as pessoas que preferem ser vítimas e gostam de ser o alvo do intolerável olhar compassivo.

Outra coisa que me aborrece é ver o mundo tão pouco adequado para as pessoas com necessidades especiais. Fico puta quando um local público não tem rampa de acesso à cadeirantes, bebedouros mais baixos, orelhões, sinalização. Ainda bem que a conscientização está crescendo, e já existem leis a esse respeito. Mas vejo bares, boates, restaurantes sem adequação e acho um absurdo. São lugares que faço questão de não frequentar, por que desmonstram o desrespeito pelo ser humano.

Acho que a experiência da convivência com minha irmã me deu lições impagáveis, de superação, de amor, de fé e de força. Não é fácil, mas quem disse que as coisas fáceis são as melhores? E citando Dom Helder Câmara, numa frase que eu gosto muito:

Nada de ideais ao alcance da mão. Gosto de pássaros que se enamoram das estrelas e caem de cansaço em busca da luz.

***
O Hospital Sarah é centro de referência no tratamento de várias particularidades do aparelho locomotor e reabilitação física. Foi na Unidade de Brasília que o vocalista do Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna foi tratado, recuperando grande parte de seus movimentos após um acidente. Em Belo Horizonte também existe uma unidade, onde minha irmã fez vários tratamentos e foi muito bem tratada, não só ela como toda a família. Um exemplo de primeiro mundo de tecnologia e compromisso com a vida.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Geração Y



Há muito tempo eu queria linkar o blog da cubana Yoani Sanchez aqui, o Generación Y.


Yoani é uma das blogueiras mais populares do mundo, e seus posts têm todos os ingredients para serem irresistíveis: ela fala de uma Cuba de desilusões, escrevendo clandestinamente sobre uma geração tolhida pela ditaduta e pelo comunismo. Jovens que como ela, anseiam por um mundo novo, de liberdade, e acabam se despatriando, exilados, sofridos e marginalizados em outros países, jovens que não têm mais para onde ir e nem para onde voltar.


Mas ao contrário de muitos deles, Yoani não quer partir. Sua crítica melancólica e muitas vezes sarcática é carregada de um sentimento de amor pelo seu país. E de orgulho pelo seu povo.


Uma mulher que encontrou um meio de se fazer ouvir, mesmo quando tantas vozes se calam e outras tantas se perdem em meio à guerrilhas, vigilância e massacres.


Faz-me pensar que força têm essas pessoas, que num meio de adversidades, encontram maneiras de lutar, nem que seja apenas expondo suas opiniões e expondo-se a retaliações.


E nós, que temos liberdade de expressão, estamos calados, como se as mordaças estivessem em nossas bocas... Cadê a força dos brasileiros, que já fomos calados por tantos anos em ditaduras sucessivas? Cadê nosso grito de basta?


Será que nos falta amor pela nossa terra e orgulho do nosso povo?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O Negão está com tudo!!!


Ontem o mundo se rejubilou com a posse do político mais poderoso do mundo, Barak Obama, que fez um discurso perfeitamente politicamente correto, com seu terno mega elegante e sua diplomada esposa ao lado, para uma silenciosa e apaixonada multidão.


Uma grande onda de esperança e boa vontade se espalhou com a ascensão do simpático negão. Primeiro por sua origem misógena e exótica, filho de um queniano com uma americana, neto de fazendeiros africanos. Será Obama a metáfora da união dos povos?


Segundo por ser negro. Quem diria, o país da Ku Klux Klan, dos Skin reads, eleger um negro de origem muçulmana, é uma vitória inimaginável, sobretudo para nós, que de longe, abominamos as políticas de guerra de Bush, a cultura do ódio do pós 11 de Setembro, as ações do terrorismo.


Terceiro por que Obama é mesmo uma simpatia. Sorrisão, simplicidade, objetividade. Sem falar dos modelitos fashion que Michelle, a primeira dama, usa, Chaneizinhos corretíssimos, decotes modernosos e cores alegres.


Obama, a despeito do que o mundo espera dele, parece-me americano demais. Claro que depois de Bush, qualquer um pareceria flexível, acessível e disposto ao diálogo... Mas uma frase em particular do carismático empossado me fez tremer...


"Nós não vamos pedir desculpa por nosso estilo de vida, nem vamos hesitar em defendê-lo".


Com certeza o maior orgulho americano é o american way of live. Abalados com a crise, mediante o desemprego, com certeza os americanos temeram por seu estilo de vida abastado, seus enlatados, seus produtos altamente poluentes.


Enquanto isso na África, a guerrilha ainda mata milhares, as crianças morrem de fome e doenças primárias, o analfabetismo corrói uma cultura já primitiva e desonrada.


Enquanto isso em Israel, um cessar fogo provisório é preterido à custa de vidas de crianças inocentes.


Enquanto isso no Brasil, a macarronada corre solta!


Penso se Obama consegue, só por um minuto, compreender o tamanho da responsabilidade que tem nos ombros, e quantos ontem à noite foram dormir imaginando-o a salvação do mundo... Seis bilhões e meio de pessoas esperando que ele olhe à sua volta, não somente para o imponente EUA, mas para esse Globo doente onde a gente quase não vive, a gente sobrevive mesmo!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Por que crer?

Quem terá sido o primeiro homem a inventar Deus, sabe se lá... Mas muitos sábios concordam que foi uma das invenções mais geniais da humanidade.

Desde que o mundo é mundo, Deus serve ao mesmo tempo como: fonte de explicação para coisas inexplicáveis, esperança, consolo para almas aflitas, legitimação de poder de uns sobre os outros, algo a se temer, peso na consciência, alguém para castigar no pós vida pessoas que cometeram atrocidades, mas que passaram pela Terra sem sofrer maiores conseqüências... e outras milhões de coisas igualmente importantes.

Apesar das muitas falhas (Se deus criou tudo, quem criou Deus? Se Deus é tão poderoso, por que ele não impede a dor e o sofrimento das pessoas justas? Se Deus é justiça, por que tanta desigualdade? Só para citar algumas...) nessa invenção, e muitas formas pelas quais ela se manifesta, a maioria da pessoas nem questiona a sua existência... E as que questionam não conseguem substituto à altura e são, na maioria das vezes, pessoas conflituosas, que tiveram a fé abalada por algum trauma, ou romperam com suas religiões por que elas eram incapazes de evitar algum sofrimento.

Mas o que é melhor na fé, e já foi comprovado cientificamente, é que ela faz bem, dá alívio, e mantém a nossa sanidade diante de coisas terríveis que não conseguimos compreender. Que importa se Deus é uma criação da mente humana, ou se é ilusão? Com um benefício desses, acho Deus melhor que Vallium.

O que todas as grandes religiões do mundo desenvolvido têm em comum é a existência de um (ou alguns, no caso do hinduísmo, ou nenhum, no caso do budismo) Deus poderoso, ou alguém tão sábio e superior que possa ser chamado de “ser iluminado”, e que devemos nos submeter às suas vontades, por que ele tudo sabe, tudo vê e tudo governa.

O Judaísmo e o Cristianismo, sua forma revolucionária, pregam que Deus não tem princípio, meio ou fim. E é amor e é fiel ao povo que escolheu. Seus seguidores crêem que Deus lhes deixou um manual de instrução, a Torá e a Bíblia, e que se seguirem seus ensinamentos, serão salvos.

O Islamismo diz que Deus é misericordioso além de todo o imaginável e exige muito pouco de seus seguidores, como rezar cinco vezes ao dia e viajar uma vez na vida à Meca.

O Hinduísmo é um pouco mais complicado, mas quem segue é obrigado a acreditar que nasceu pré-destinado à miséria ou à riqueza, para cumprir seu Karma, ou seja, traz sossego para quem se acha pobre, ou infeliz o suficiente para viver outra vida de abundância, e isso lhes parece muito justo e mantém cada um em sua casta, em seu lugar.

O Budismo é uma linda filosofia de vida criada por um príncipe que largou a riqueza e os bens materiais, para viver em estado de graça e contemplação, sendo o materialismo a fonte de todas as mazelas: mas é muito prática, exige meditação e desapego, e muita força de vontade de seus seguidores.

O que eu gosto em todas essas crenças é que elas não fazem qualquer sentido, são totalmente irracionais, e por isso mesmo talvez, perfeitamente críveis.

Eu por exemplo, sou cristã. É fácil ser cristã hoje em dia, por que a ciência já comprovou a existência de Jesus. Se ele era o enviado de Deus, isso é coisa da nossa fé, mas que ele foi um grande líder que revolucionou o mundo oriental e ocidental, fez-se seguido por milhares de pessoas, morreu sem trair seus valores e crenças e fazia grandes discursos, ah, isso está mais que garantido. E a mensagem deixada por ele é tão sublime de beleza que é impossível não se emocionar. Jesus dizia que todos somos iguais, e que todos poderemos ser salvos, que não devemos julgar ninguém, por que todos erramos, e sobretudo, Jesus dizia: “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida”.

Como não seguir um homem que ousou dizer algo assim?
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Diz-se que Santo Antão foi peregrinar num deserto e foi tentado anos a fio pelo Diabo, que lhe ofereceu delícias da carne, às quais ele resistiu.
A figura ao lado, As tentações de Santo Antão, é um suposto estudo de Jheronimus Bosch para compor a famosa tríade O jardim das delícias Terrenas, painel triplo onde o autor representa a História do Mundo a partir da criação, o céu e o inferno. Ao todo são desesseis estudos, e este está aqui pertinho no Masp, mesmo havendo controvérsias sobre a sua autenticidade, é fascinante.

A obra de Bosch expressa sentimentos muito atuais e antagônicos. A dualidade entre os prazeres da carne e o pavor dos castigos, a eterna dúvida entre o medo do inferno e as delícias da Terra são representadas num estilo único, com muito movimento, composição carregada, cores vivas e figuras animalescas, surreais, grotescas. Uma ousadia para a estética da época, e uma viagem pictórica para os dias de hoje.












sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Banco Float Curvo


As pessoas ficam me cobrando textos sobre Design, já que é a minha fomação e profissão. Calma meus anjos, está por vir um blog especialmente para falar de Design, com o auxílio luxuoso de um grande talento... Mas por hora, vai uma previazinha...

Esse banco está no Morumbi Shopping, o projeto é de Fabrício Costa e Daniela Garcia, foi executado pela Hermes Enabanesteria em Lâmina de Madeira e estruturado em metalon internamente.

A mim coube executar o gerenciamento do projeto e da produção.

A Hermes Ebanesteria é uma empresa fabricante de Móveis especiais, com grande know how em móveis de madeira maciça. Os produtos são de design exclusivo e podem ser encontrados num show room super elegante na Rua do Ouro, 136, Bairro Serra.

A Hermes também executa projetos personalizados de marcenaria e restauro além de dominar as mais sofisticadas técnicas de acabamentos como pinturas PU e Laminação em Ouro.

A política da empresa é sempre fornecer produtos de qualidade, que demonstram profundo respeito e amor pela matéria prima, assim como responsabilidade social, de empregar apenas madeiras de manejo, certificadas pelo Ibama.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Chupa que é de Uva

Verãozão em alta e a moçada lotando as academias de ginástica em busca de ajeitar o corpito para os biquínis.

Eu, que decidi esse ano (como decido todos os outros, mas nunca consigo pôr em prática) ser mais que uma mente brilhante, me matriculei toda empolgada...
O único problema é que quando a gente começa o caminho da mente, é difícil se desvencilhar dele, como já disse e bem dito um grande amigo meu (desculpe Enrico, é a milésima vez que o estou plagiando no meu blog...)

Mas tomada a decisão, bora pra academia!

Não é só o verão, é também o carnaval à vista. Todo brasileiro sabe que só tem uma opção no carnaval, não importa como ele decida passar seus quatro dias de feriadão: tem que ouvir axé e samba, por que é só isso que toca em todos os lugares. E não adianta achar que pode se livrar disso, a menos que tenha um bunker onde ser esconder.

Pensando nisso, me arrisquei na aula de Axé.

O que eu entendia por aula de axé: uma aeróbica bem puxada com músicas da Ivete Sangalo, Daniela Mercury e nó máximo Chiclete com Banana, são os axés que eu conheço.

Mas para meu desespero, não é nada disso.

O professor é uma figura completamente bizarra, usando uma camisetinha “mamãe sou forte”, calça de tectel (um dia falarei da minha ogeriza de calças de tectel), cabelo espetado com luzes.

Os alunos, uma sucessão de figuras estranhas... Na maioria mulheres, fiquei na dúvida se não estava no concurso para loira ou morena do tchan, ou ainda, seleção para a “gata molhada” do Gugu... Tops com barrigas de fora, calças mega coladas e piercings no umbigo (um dia falarei da minha ogeriza de piercings no umbigo também...), sendo que nem todas tinham o físico de uma Sheila Mello (nenhuma pra ser exata). Elas tinham tatuagens de “Renato For ever” ou “Digão, sou sua”. Também sobre o visual daqueles seres, vale lembrar que a maioria das moreninhas não se atinou para depilar as pernas, descolorindo os pelos com água oxigenada e os deixando laranja, que em contraste com a pele ficava aquela beleza!

Nesse ambiente sofisticado, eu fiquei tentando me convencer: pensa no benefício, Fernanda, pensa na sua bunda dura, pensa nos músculos enrijecidos agradecendo...

Mas quando a música começou a tocar, entrei em pânico! O que aconteceu com “e vai rolar a festa, vai rolar”, da Ivete, ou “a cor dessa cidade sou eu, o brilho dessa cidade é meu", da Dani? No lugar disso começou a tocar uns ruídos que eu nunca ouvi antes na vida, eu que me achava tão “pop larizada” com todos os ritmos do mundo...

E o povo começou a dançar... Aquelas coreografias tipo bota a mão no joelho, dá uma reboladinha! Fiquei como um piru, correndo de um lado para o outro tentando acompanhar a massa requebrante. E quando tinha que de fato rebolar? As bundas de todo mundo iam no teto e voltavam ao chão e eu só conseguia abrir as pernas e mexer os ombros da forma mais desengonçada que existe!

O professor dizia: vá para a direita, e eu indo para a esquerda, completamente louca, trombando nos coleguinhas...

Na metade da aula, desisti. Senti-me completamente patética, ali, tentando fazer aqueles movimentos impossíveis e nada glamourosos do axé...Mas nem consegui sair à francesa, saí fugida, correndo, atropelando.

Então percebi que não adianta ir contra a natureza. Depois dessa experiência reveladora, lembrei porque eu não gosto de axé. O caminho da mente é mesmo irreversível.

Para quem não entendeu o título, vide vídeo abaixo.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O que ela tem que eu não tenho???

Um dia você gosta de um rapaz...

Acha que ele é inteligente, interessante, viaja nos papos dele, divertido, existe química entre vocês...

Até que ele se interessa por outra e você fica pensando: que merda!!!


Essa é uma peça que a Vida, essa Irônica Malcriada, vive pregando na gente. Por que gostar de alguém que não gosta da gente é a coisa mais humilhante que existe na face da terra!!! Não importa que a razão, Mário Quintana e todas as psicologias de buteco digam que devemos nos gostar primeiro, que o interesse que um homem tem numa mulher é inversamente proporcional ao que ela tem por ele, enfim, que devemos nos valorizar e encontrar alguém que enxergue e admire nossas qualidades. Por que quando perdemos para outra todas essas filosofias vão por água abaixo e nos sentimos a pior das mortais.


Creio que esse é um sentimento difícil de admitir, e mais difícil ainda de digerir: a dor da rejeição. Sobretudo por que ele vem com emoções igualmente acres, como baixa auto estima, sentimento de inferioridade e perda.


Se esse homem que você gostou não gosta de você, ele não é o homem certo para você, certo? Errado. Seu coração merece um pouco mais de crédito, afinal, ele não pode ser assim tão estúpido a ponto de se apaixonar por alguém que não mereça sua atenção! Que tal um pouquinho de disputa? Mãos à obra menina, essa outra (mais conhecida como mocréia, piriguete, ordinária e todos os depreciativos que você puder inventar) não pode ser assim tão melhor que você!!!


Ela tem esvoaçantes cabelos compridos, rosto de boneca e jeitinho intrépido? Ele é louca o suficiente para fascinar? Ela tem aquele ar de inatingível (que os homens adoram) e um toque de cultura alternativa que enche uma conversa de mesa de buteco? Ela é mais jovem, não tem responsabilidades, e quando ri parece que torna tudo mais leve, seduzindo com um desinteresse cruel por seu bem amado?


Que importa?


Ela nunca teve uma foto na cabeceira dele... Ela não o abraçou num dia que ele estava muito triste... Ela não sabe que a comida preferida dele é fricassê de frango e jamais dividiu um sundae de chocolate com ele... Ela não ligou para ele à meia noite para dizer feliz aniversário... Ela não chorou nos braços dele quando ele disse que ia deixá-la... Ela não teve um almoço de domingo com a família dele... Ela nunca foi acordada de manhã por ele, para fazerem amor...

Então, o que essa garota pode ter de melhor que você? O gostinho da novidade? Bobagem... Novidade dura pouco, e quando ela deixar de ser novidade, talvez ele perceba o quanto ela é mimada, desagradável, paranóica e frígida! E aí, talvez, você o queira de volta, talvez não...


Ou talvez você já esteja bem longe, nos braços de um homem de verdade, que te ache intrépida, fascinante, inatingível e sedutora o suficiente para se apaixonar por você...





segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Eu e minha boca Grande

Minha mãe já dizia: Filha, você tem uma boca e dois ouvidos, use nessa proporção...
Mas por que as filhas são programadas biologicamente para a desobediência, eu me acostumei a falar as coisas exatamente do jeito que elas me vêm à boca, e com isso crio uma porção de confusões perfeitamente evitáveis se eu mantivesse a língua trancadinha onde ela deve ficar...

Se isso me preocupa ou me causa desgostos? De forma alguma. Sou feliz por ser como sou, e até me orgulho muito da minha sinceridade. A maioria dos meus amigos me agradece a confiabilidade. Eu jamais vou te contar aquela mentirinha para fazer você se sentir melhor. Acho uma babaquice a pessoa se sentir melhor com uma mentirinha do que com uma verdade. Ou seja, eu nunca vou mentir a respeito daquele vestido verde horroroso que minha amiga quis usar na festa... Eu prefiro contar logo para ela que ela não está abafando do que vê-la passar pelo constrangimento de achar que está... Sendo minha amiga, ela não vai se magoar. E ainda, claro, que sendo minha amiga, ela tem personalidade e auto estima o suficiente para usar o que bem lhe aprouver, sem se sentir abalada por uma crítica bem intencionada.

Mas nem todas as pessoas aceitam minha língua afiada com tanta parcimônia. Algumas na verdade abominam meu jeito de ser. Acham ofensivo, agressivo e exagerado. Não as culpo, claro... Nem todo mundo teve o mesmo tipo de educação, ou conseguiu se livrar de seus recalques. Eu também fui criada para falar baixinho, cruzar as pernas e ser “boazinha”. Mas tive coragem de agir como acho melhor. Considero esta minha maior conquista. Mas entendo que muitas vezes as pessoas simplesmente se irritam por que discordam. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém, e é isso que enriquece a vida. Ouço várias críticas. Algumas são muito carinhosas e bem vindas... Mas não me importo muito com isso... Sei o que valho, não é o que falam de mim que me define!

Coisas que falam de mim:

“Você é uma pessoa muito egoísta.” Danielle, minha irmã mais velha, por eu me recusar a tomar conta da minha sobrinha uma noite que ela quis ir ao supermercado, e eu estava muito cansada.

“Você pensa como um homem, e age com um também”. Melissa, grande amiga, chateada por eu estar cansada de ouvi-la lamentar de sua vida sentimental.

“Você me critica por não fazer algo da minha vida, por que não faz algo da sua?”. Marcelo, ex-namorado, depois que expressei estar nervosa por ele sempre se acomodar em trabalhos abaixo da sua capacidade profissional.

“Não sou eu que sou grosso, é você que fala demais!”. Enrico, meu melhor amigo, nervoso por eu chamar uma amiga dele de metida.

“Você está se achando né?” Antonio, meu pai, furioso por que insinuei que ele é um pouco machista, a despeito de ter apenas filhas.

“Você tem que perceber que às vezes magoa as pessoas” Júnia, minha prima, por eu brincar que ela é muito minuciosa nos casos que conta, e dizer que ela conta uma viagem à Guarapari como se fosse Paris.

“Você acha chato as pessoas falarem de mim, mas me critica da mesma forma.” Gizelle, amiga, chateada por eu ironizar sobre ela levantar o tom de voz e ficar agindo como boba diante de um rapaz bonito.

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Danielle – Agradece a governanta inglesa que eu indiquei.
Melissa – Foi resolver seus problemas sentimentais com um terapeuta, de forma que agora está sendo orientada por um profissional de verdade.
Marcelo – Conseguiu um cargo importante e está dando um up na vida profissional.
Enrico – Continua e continuará sendo meu querido amigo.
Antonio – Acabou de ganhar mais uma mulher em sua família, a netinha, que manda e desmanda nele.
Júnia – Foi conhecer Paris.
Gizelle – Está cada vez mais popular.

sábado, 10 de janeiro de 2009

A guerra suja


Já desisti de racionalizar a eterna guerra entre israelenses e palestinos.




O que sei é que uma guerra por territórios que começou desde a criação de estado israelense sempre foi suja, marcada por ataques terroristas, matança de civis e acordos quebrados. Se bem que é perfeita redundância falar de uma guerra suja.




Nem estou me posicionando, mesmo por que nessa guerra são tantos bumeranges funcionando, e a resposta de Israel aos ataques do Hamas pode até ser legítima, assim como é legítimo o direito de Israel bombardear a Faixa de Gaza para proteger o petróleo americano (fala sério), nem sou qualificada para entender o que se passa na cabeça desse povo tão exótico para mim, ocidental, cristã, felizarda residente de um país pacífico. O que sei, como ser humano é que, deixar feridos civis morrerem sem socorro, impedir tropas de ajuda humanitária de atuarem, bombardear abrigos com crianças inocentes, fazer 40% de vítimas crianças é algo tão abominável, e tão sujo e tão animalesco que só podemos nos pasmar, aqui do outro lado do mundo, impotentes e horrorizados.



Conheci alguns israelenses numa viagem, e me surpreendi com sua alienação a respeito do assunto. Contaram-me das baladas de Tel Aviv, da universidade, me ensinaram algumas palavrinhas em hebraico, da sua vida perfeitamente comum em Israel, enquanto num pedacinho do estado, tantos horrores estão acontecendo. O que me pareceu foi encontrar pessoas que cresceram vendo todos esses conflitos se repetindo, de forma que é normal e corriqueiro para eles viverem em estado de guerra. "But there is children dying!!!" Questionei.




Desde de que sejam crianças palestinianas... Será que eles não pensam, que antes de serem palestinianas, são seres humanos!!! Será que ninguém percebe que não importa o altar que nos ajoelhamos, somos todos feitos do mesmo material, temos os mesmos olhos, pernas, sonhos e desejos? Por que é tão difícil compreender que, se viemos de algum lugar, só pode ter sido do mesmo, já que somos tão absolutamente iguais??? E por que eles não percebem que parecem apenas títeres do jogo americano pelo petróleo???




Mas o que estou falando... Que país pacífico é esse em que vivo??? Quem sou eu para falar da alienação dos jovens israelenses, se aqui, debaixo do meu nariz, outras guerras vêm sendo travadas, dia após dia, e se 2008 foi um ano marcado por violência contra a mulheres, contra crianças? Se o tráfico de drogas nos rouba diariamente vidas mirins que podiam estar sendo moldadas para construírem um país forte e saudável?




Na época do caso da menina Isabela, me peguei várias noites sem dormir, imaginando só o que teria passado na cabecinha dessa criança, nos últimos instantes de vida, quando estava sendo torturada pelas pessoas que deveriam amá-la e protegê-la de todos os males do mundo. Penso que acima de toda a dor dos ferimentos, uma perguntinha em sua cabeça infantil, povoada por sonhos e por personagens de desenho animado, se repetiu milhões de vezes: POR QUÊ?








sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Pensando....


... Um velho índio Cherokee contou ao seu neto sobre uma batalha que acontece dentro das pessoas.

Ele disse: “Meu filho, a batalha é entre dois lobos dentro de cada um de nós”.

“Um é o Raiva, Inveja, Ciúme, Tristeza, Desgosto, Cobiça, Arrogância, Pena de si mesmo, Orgulho falso, Ego e Preconceito.

O Outro é a Alegria, a Paz, a Benevolência, a Esperança, a Serenidade, a Humildade, a Empatia, a Tolerância, a Fé e a Compaixão.”

O neto pensou naquilo por alguns instantes e perguntou:

“Mas senhor, qual o lobo que vence?”

O velho Cherokee respondeu simplesmente: “O que você alimenta.”

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Bolinhas e Luluzinhas

Sabe de uma coisa?
Mulher gosta de futebol e cerveja também...
E como!
Basta ter jogo do galo, se não dá pra colocar a camisa do galo e ir pro Mineirão, a gente coloca a camisa do galo e vai pro primeiro ”buteco” que encontra, abre uma gelada e começa... O assunto? Homem, claro!
Eu me lembro como tinha inveja dos “clubes do bolinha” quando era criança. Claro que tínhamos nosso clube de meninas, mas parecia que eles se divertiam muito mais que nós. Eles cochichavam na sala de aula, e de repente, no meio do exercício de matemática, explodia uma risada lá atrás... Ninguém sabia qual era a graça, exceto aqueles cinco ou seis meninos, que tinham seu mundo particular. Ou então, juntavam-se para fazer toda a sorte de coisas interessantes, como jogar bolinha de gude, vídeo game, empinar pipa, jogar bola... eu ficava de fora das brincadeiras onde “menina não entra”, e me doía, porque aquilo sim, parecia ser legal... O que é “brincar de casinha” perto de empinar uma pipa?
Só penetrei no “clube do bolinha” no colegial... Quando todas as meninas que andavam comigo – e hoje ainda são grandes amigas - saíram do colégio, eu tinha que encontrar outras amizades para não ser engolida pela difícil sociedade adolescente. Todas as meninas já tinham suas panelinhas, tornou-se bem difícil adotar a melhor amiga. Tomei decisão de sentar no fundão, lugar dos bagunceiros, como jamais competiu à melhor aluna da sala.
Decisão difícil e acertada!
Conquistei os meninos com minha inteligência, pois não tinha peitos ainda, logo, não podia ter sido pelos meus atributos femininos. Eu fazia os exercícios e liderava as equipes de trabalho. E logo estava cuspindo no chão e fazendo piadas obscenas com eles. Não fui aceita no time de futebol... mas tinha acesso ao garoto mais popular da escola. As meninas perceberam esse poder, e logo se aproximaram de mim, já que eu podia intermediar os romances juvenis. E logo network se expandiu.
Com o tempo, cansei do mundo masculino. Eu não agüentava mais comentar a capa da Playboy, nem acompanhar tabelas de campeonatos. Via as meninas serenas no recreio, falando da novela das oito, doida pra entrar no assunto. E com o tempo, cedi aos apelos do meu sexo, corri para minhas amigas, e troquei maquiagem e figurinhas cor de rosa o resto do curso!
Às vezes a diversão me chamava. Eu olhava de soslaio para aqueles cabeludos rindo às gargalhas com carinho e saudade... E não resistia a sentar ao lado deles um pouquinho, no ensaio da bandinha de rock, pra cantar “sexo, me dá sexo” a plenos pulmões...
Os meninos são confusos e infantis, mas temos que admitir... Eles sabem se divertir!!!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Então... Búzios!!!

Aí você pega o carro e vai pro Litoral, debaixo de chuva, por que acredita que não há melhor lugar no mundo para começar o ano!!!
E não há mesmo... Escolhi Búzios e tem que ser na praia de Geribá, que é a mais animada... Mas primeiro, deixem-me dizer que é importante que você confira a previsão do tempo, mas jamais acredite nela... Por que não choveu nem um dia sequer... exceto, claro, uma garoinha de nada muito raramente... O Litoral do Rio de Janeiro é muito generoso com as mineiras, sobretudo as baladeiras como eu, que pagam um boi pra entrar na curtição e dois pra não sair... E como dizem os cariocas: ach mineirach sao ach maich legaich...

É preciso que você fique numa casa bacana, com três andares, de preferência num condomínio com piscina e sauna, bar molhado e muita propensão à
estrangeiros (de Brasília e São Paulo por exemplo). É preciso que escolha à dedo as pessoas que levará com você. Nada de gente legal: o barato é a heterogeneidade de caracteres, para que você tenha a sensação de estar no Big Brother Brasil, com direito a muito amasso na piscina, intrigas e oposições, disputas amorosas, barracos, lágrimas de crocodilo, etc etc etc...
É muito mais divertido protagonizar algumas das cenas que fazem o sucesso com telespectadores brasileiros que assistí-las pela TV.

Durante o dia você pode até ir dar uma passeada nas prainhas diferentes, ir aos mirantes, andar de barco, curtir a natureza, isto é, se não estiver de ressaca... Mas
16:00 você deve voltar correndo pra Geribá, pra curtir a baladinha diurna mais "maneira" que existe, o Fish Bone Café, bem na beirinha da praia... vá de saída de praia mesmo, havaianas, e prepare-se porque lá dentro tudo é caro... Mas compensa, por que os DJs são bárbaros e é a maior concentração de gente bonita por metro quadrado do Brasil... Não espere conteúdo desses rostinhos lindos e corpinhos sarados, ali não é lugar de convesar... só garanta sua vodca Absolut e dance, dance, dance ao som da música eletrônica... A pegação é a mesma que rola nas micaretas tipo "beija e sai fora". Se você não curte esse tipo de coisa, tudo bem, há tanta variedade que os mocinhos nem se importam de levarem fora, levam no bom humor. 90% da população do Fish Bone é de cariocas de todos os lugares possíveis: Rio mesmo, Niterói, Volta Redonda, sei lá mais onde... 5% são estrangeiros e 0,001% mineiros. Mas não se sinta um Fish out... O negócio ali é colírio pros olhos e música eletrônica pra curtir.

Se bater a fominha te
m comida pra todos os paladares e bolsos. Você pode escolher lugares soistcados, mas todos os dias cansa e eu sugiro de um butequinho que tem desde muqueca de lagosta ao comum bife com batatas fritas. Chama Café Abençoado, em Geribá e nem tem site. O dono vai te alimentar como um sultão e te tratar com toda simpatia. E como diz um amigo meu, cada um vê o artista que merece... Como o Gianechinni não veio, a galera da Malhação filou todos os meus cigarros, e eu só me dei conta de que eram globais (por que não assisto Malhação), quando eles mesmos me contaram... Acho que decepcionei os muleques, por que nem pedi pra tirar foto. Mas o Bodão (aquele que parece o mais feinho da novelinha), é o mais bonitinho na verdade... Incrível como a tv distorce o mundo né???E também não deixe de comer o crepe do Chez Michou que é muito tradicional e muito bom, na Rua das Pedras... O ambiente é mais pra familiar, apesar da música eletrônica e do visual descolado.

A noite começa lá pela meia noite. Evite sair de ca
rro, se não quiser passar raiva e perder horas da sua noite em trânsito. O transporte é fácil e barato, de táxi, van etc. E em tempos de lei seca, é o melhor que tá tendo em termos de segurança.

Ah... As baladas.

Confesso que as baladas são as melhores. Caríssimas e também para todos os gostos. Tem o Pachá para os muito jovens, o Rock Bar para os muito velhos, o Havana Club para os muito ricos e sofisticados. Sempre rola raves sazonais em Cabo Frio e festas fechadas que a gente pode comprar o convite e ir. A Privilége, na Orla Bardot é a boate que mais bomba. Q
uinta feira é o melhor dia - tem atrações diferentes, sexta o pior - pois é tipo matinê. Rola trance, hip hop, hause e um pouco de funk. A pegação rola solta, o público é bem bonito e o sushi bar é razoável! Evite se tiver mais de 25 anos... você não vai gostar...E se prepare, por que a fila é quilométrica para entrar! Até mesmo a fila vip! O traje aqui é sofisticado, mas pouco. Grifes são bem vindas, mas se você tiver bom gosto, desnecessárias. Vale desde shortinho com rasteirinha até vestidinho de paetê com sandália de salto.

Para os maiorezinhos, também na Orla Bardot, tem o bacaninha Anexo ao Mar, um Lounge com decoração clean, área vip com vista para o canal e muita gente interessante! Prefira ficar no bar, onde se tem vista panorâmica de todos os pontos do estabelecimento e onde você exibirá seu belo bronzeado. Aqui você percebe que existe vida inteligente em Búzios. Sobretudo se tiver a sorte de conhecer um gatinho de Niterói, para te levar para curtir a alvorada num mirante maravilhoso na Praia Brava, pois o Anexo fecha cedo (quatro da manhã). Certifique-se de que o rapaz tenha um amigo bacaninha para acompanhar a amiga que estiver com você. Ele vai estacionar o carro, ligar o som num forró universitário e te ensinar uns passinhos se você não souber.
Ele pode c
onhecer sua cidade mais que você imagina e vai te falar de todos os lugares que curte nela, como a vista do Retiro das Pedras e o Observatório (onde ele dança forró quando vem) e os bares boêmios de Santa Tereza. Você pode ter um fim de madrugada bem romântico, mesmo estando nessa vida de baladeira. E faz bem, garanto. Vocês vão trocar telefones e marcarem de se visitarem logo, nas respectivas cidades. Não perca o pepelzinho azul de extrato bancário onde ele escreveu o telefone dele, por favor...
Coisas muito importantes para as meninas baladeiras em Búzios: filtro solar, chapinha ( foi-se o tempo em que o estilo "selvagem na praia" fazia sucesso), chapéu, condicionador sem sal, protetor labial, neosaldina, muita água de coco, muita alegria e disposição, muita paciência com os cariocas.

Coisas muito importantes para os meninos baladeiros em Búzios: dinheiro extra porque tudo é muito caro, bermudas, óculos de sol, Engov, bom humor, muita persistência com as cariocas e camisinhas (por favor!!!),

Partiu??