segunda-feira, 17 de junho de 2013

Não é só por vinte centavos...

Pessoalmente eu não acho que importa muito o motivo pelo qual cidadãos vão às ruas manifestar sua insatisfação. Não importa se é por 20 centavos, se é pelo casamento gay, se é pela miss Brasil. O que importa para mim, e o que deveria valer aos olhos dos brasileiros é que o direito de nos manifestar contra qualquer coisa deveria ser protegido pelo governo que elegemos e apoiado pela opinião pública.

Foto de um manifestante em São Paulo, 17/06/2003
É fato que nem todas as manifestações são inteligentes e consistentes. Em alguns casos, cujos exemplos nem vou citar para não causar polêmica, as manifestações causam apenas estorvo, prejudicam o trânsito e às vezes, com consequências mais sérias, geram muita violência. Mas o que deveria chocar em primeiro lugar é a brutalidade com que geralmente as manifestações no Brasil são abafadas. O que devia ser inaceitável para nós é sermos atacados com tamanha movimentação militar (que raramente é despendida contra bandidos). Isso deveria causar horror, repúdio, intolerância e acima de tudo, atitudes de todos nós. O que o brasileiro tem que entender é que ele tem direitos previstos pela Constituição e a compreensão disso é que vai nos livrar de cair nas mãos de uma nova ditadura.
Agora voltando aos vinte centavos, não sei quem concluiu que é uma quantia irrisória e insignificante. Provavelmente alguém que não sabe fazer conta. Ou que não utiliza o transporte público urbano. Alguém que não conhece a população de São Paulo e que não sabe calcular o preço da passagem vezes dias da semana, do mês e do ano. Alguém cuja lacuna deixada pela ignorância está provavelmente sendo preenchida por meios de comunicação tendenciosos.
A diversidade de opiniões sobre as manifestações contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo pode até surpreender, mesmo por que há milhões de outras causas que mereciam o mesmo tratamento. Mas vencer a apatia da nossa população já é um passo monumental. Penso que se esse acordar for apenas um início, ainda surgirão muitas outras manifestações por causas diversas, algumas nobres, outras nem tanto... Algumas irão incomodar, outras serão hilárias, porém, todo embrião bem nutrido cresce, evolui e quem sabe, num futuro, estaremos às portas da verdadeira cidadania, aquela que considera direitos irrevogáveis e deveres supremos.