quarta-feira, 30 de março de 2011

Mania de Ser Feliz...

Muitas pessoas, se questionadas, não saberão dizer o que é Felicidade para elas. Hoje o ideal de FELICIDADE está tão sofisticado que é quase inalcançável para a maioria de nós, mortais. E tudo o que fazemos e construímos tem um objetivo: alcançar a felicidade. Mas o que se percebe é que cada vez mais as pessoas estão sofrendo. Sofrendo com a violência, com a falta de sabedoria para conduzir suas vidas, com depressões e problemas psicológicos, com frustrações.


Se analisarmos friamente, o que é a felicidade? Um produto criado pela mídia e comprado por nós para divulgar outros milhares de produtos que parecem ser indispensáveis na nossa vida - e consequentemente, nossa felicidade. Um carro novo. Um aparelho de tecnologia ultramoderna. Um apartamento de cobertura com vista para o mar. Uma conta bancária recheada. Pessoas perfeitas, lindas e sorridentes cruzando nossos caminhos todos os dias. Sucesso. Muito sucesso. Em todos os âmbitos da existência. Viagens fascinantes. Beleza incondicional. Paralisação do envelhecimento. Coisas e mais coisas pelas quais podemos pagar. Desde quando a Felicidade se tornou um bem que podemos comercializar?

Se vivêssemos com o objetivo de viver, a felicidade cairia para segundo plano. E existiria, apesar dos pesares. Por que a felicidade é tão somente a maneira como escolhemos enxergar o mundo à nossa volta. Quando eu digo que o nosso objetivo deveria ser viver, quero dar a entender que o que importa na nossa curta passagem pelo mundo, é atravessar cada experiência obrigatória da forma mais intensa possível. Sentir nossas alegrias, nossas tristezas, nossas dores, nossas doenças. Sentir e viver cada minuto, bom, ruim, maravilhoso e desesperador. Por que é para isso que vivemos. Não é para sermos felizes. Não existe um só ser humano na face da terra que não tenha passado pelo seu quinhão de sofrimento e de euforia. E é maravilhoso observar que algumas pessoas tem tanta consciência disso, que se consideram muito felizes, mesmo que não se enquadrem em nenhum modelo pré estabelecido.

Mas se estamos tão obcecados pela tal Felicidade, como viver? Como apreciar as coisas simples e cotidianas que nos são dadas, se estamos de olho em algo sempre idealizado, sempre futuro, sempre fora do nosso alcance? Que obrigatoriedade é essa de ser bom, feliz, pleno, agradável, constante, forte?

Vejo pessoas batalhando incansavelmente para cumprir um objetivo e logo que o alcançam, partem para a próxima batalha. É insano como as coisas mais almejadas perdem o valor quando conquistadas. Por que fazemos da nossa vida uma eterna procura, por que não estabelecemos o momento de parar? Por que estamos esperando a vida COMEÇAR, se nos aproximamos da morte no momento em que nascemos?

Também estou procurando a felicidade, como vocês. Nem sei o que ela é. Às vezes estou em paz, em casa, vendo tudo ao meu redor em seu perfeito lugar. E me sinto ansiosa de repente. Como se estar parada atrasasse minha busca pela tal felicidade. Mas se eu pensar melhor, se eu fechar os olhos e enxergar dentro de mim, vejo a felicidade lá, sorrindo marota, e me dizendo: Aquiete-se, eu estou bem aqui! Eu sou esse momento de paz que você está vivendo em sua casa, sou o programa de televisão chato que você pode assistir jogada num sofá, sou o barulho do vizinho que você pode ouvir por que tem ouvidos, sou seu coração batendo nesse exato momento, vivo!

Então seguro a mão da Felicidade e vamos dançar!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sobre celulite, cafonice e ser gay

Nós mulheres vivemos brigando com a nossa aparência. É só mais uma das nossas guerras. A culpa não é nossa, naturalmente. Existe, por trás da nossa fixação em manter nossas bundas livres da celulite, muito mais filosofia do que pode parecer.

A natureza nos dotou do estrógeno e da incumbência de gerar bebês. Sim, muitas de nós acham que ter bebês é a principal função de todas as mulheres e não lhes tiro a razão. É maravilhoso ser capaz, tão facilmente, de gerar um bebê, quando para a metade da população do planeta isso é impossível. É a prova maior de que existimos acima da dominação masculina ao longo da história da civilização. Mas com o estrógeno vem a celulite. E quando nossos hormônios se retiram da cena, nos abandonam com todos os inconvenientes da menopausa. Às vezes eu penso que não somos mulheres, somos produtoras de hormônios. Eles determinam quem somos. Nosso bom humor. Nosso mau humor. Nossa disposição. Somos quase movidas a hormônios.

Mas ainda assim, lutamos contra a celulite. Se ter celulite é uma qualidade exclusivamente feminina, por que lutar contra isso? Seria uma revolta contra a nossa condição feminina? Não é mais ou menos como ir ao médico e pedir: Doutor, retire-me esses seios, não gosto deles. Seriam os tratamentos contra celulite mais uma revolução feminista?

Homens que não gostam de bunda com celulite, atenção. Uma bunda sem celulite é biologicamente antinatural. Os únicos homo sapiens do planeta que não tem celulite na bunda são os homens. Logo, vocês, que têm fixação por bunda sem celulite, preparem-s e para conviver com seu lado gay. Sim, por que uma bunda sem celulite e bem durinha é uma coisa masculinizada. Mas tudo bem. Ser gay não é mais uma opção sexual. É uma filosofia de vida.

O mundo hoje em dia é gay! Eu mesma sou bem gay... Não, não sou lésbica. Sou gay mesmo. Ser gay é ser in, é estar em dia com as novas linhas de pensamento vanguardistas, é acreditar num mundo mais alegre, menos sisudo, muito glamoroso. É gostar de beleza, é lidar com a sexualidade sem fantasmas, assumindo o que você é com orgulho: freira ou puta. É explorar o lado fashion e sensível do ser humano. Isso é ser gay. Muitos homens com H que conheço, héteros de carteirinha, são gays. E muitos gays que eu conheço são tão cafonas que nem podem ser gays (no meu conceito).

Ah, também estive pensando um pouco sobre ser cafona. Novo conceito para cafonice. Cafona geralmente é algo ultrapassado, gasto, que cheira a naftalina e faz a gente ter sobressalto de desgosto. Imagina uma calcinha da sua avó... Então, isso é cafona. Agora, no meu repaginado conceito de cafonice está tratar mal as pessoas. Sabe aquela frase assim: “você sabe com quem está falando?” usada geralmente para intimidar pessoas humildes? Nossa... nada mais cafona... Parece ter saído do vilão da novela do Gilberto Braga. Aliás, novela é algo cafona, né? Vamos combinar... Do Gilberto Braga então... festival de cafajestes, piranhas, banalização da perda da virgindade, salafrário passando enfermeirazinhas boas para trás, homem velho rico tendo caso com novinha alpinista social, mulher respeitável caindo na cama do irmão safado do marido legal... Ou seja, nada que eleve a alma! Num mundo normal, tudo bem, novela entretém. Mas num país sem referência para a ética e a honestidade, fora de propósito!

Bom, agora que apresentei a vocês minhas novas idéias sobre celulite, sobre ser gay e sobre ser cafona, deixo vocês refletirem sobre a necessidade da celulite para a afirmação do ser mulher, a necessidade de ser gay para ter uma vida mais leve e a necessidade de evitar novela do Gilberto Braga para não acabar cafona!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Top 5: Looks do Oscar 2011

 5 - Madonna
Por que Madonna é Madonna e sendo Madonna, ELA simplesmente PODE usar qualquer coisa!!!


4  - Camila Alves
Achei um luxo o vestido principesco da conterrânea Camila Alves, ainda mais com esse adereço de peso do lado...Grife Kaufman Franco.

3 -  Anne Hathaway

Anne foi a musa fashion  da noite, com oito modelitos fantásticos... Meu preferido é esse Valentino vintage e poderoso. Caiu como uma luva para a pele de nácar da Anne!


2 - Michelle Williams
À princípio fiquei na dúvida se eu gostava ou não desse look... E quanto mais eu pensava, mais dúvida eu tinha... Agora eu já estou amando! Primeiro por que é elegantérrimo. Segundo por que esse cabelo está divino.  Terceiro por que a Michelle fica parecendo um anjo todo monocromático... Sei lá... Wird, mas eu gosto!

TOP TOP - CHARLIZE THERON

A Charlize não precisa de muita coisa para ficar deslumbrante (que ódio!) Mas também sacanear com a gente não vale! Quem mais ficaria diva num vestido tão simples e geométrico?  Bom acho que eu gostei por ser simples e geométrico! Tinha que ser Versace né, minha cara...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Desculpas à Vaca

http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2011/03/coruja-chutada-por-jogador-na-colombia-morre.html






Fiquei muito chocada ao ler essa reportagem, sobre jogador que chuta uma coruja no campo de futebol, durante um jogo, em frente a milhares de espectadores, seus colegas atletas e a imprensa. O que notei no gesto do jogador nem foi maldade, mas sim, uma imensa displicência e falta de respeito por outra vida, que estava indefesa diante de seus olhos. Isso ainda é pior que a perversidade, é chegar num grau de insensibilidade capaz de um gesto mecânico tão devastador.

Isso é um reflexo cruel da falta de humanidade com a qual convivemos diariamente.

Como não tratará seus semelhantes um homem capaz de tal gesto? E esse homem, simbólico aqui, na figura desse jogador de futebol, não será cada um de nós, no nosso grande sentimento de superioridade sobre as outras espécies?

Admiro as pessoas que tem respeito pela vida, seja ela qual for. Ainda que isso não devesse nos causar espanto, e sim, ser a regra. Outro dia me pronunciei sobre minha opinião favorável ao uso de ratinhos em testes de substâncias em laboratórios, fui ovacionada por alguns e criticada por outros. Mantenho minha posição. Mas acredito que nesse caso os fins justificam os meios. Esses testes são importantes para a descoberta da cura de doenças humanas. No caso de vandalismo gratuito contra animais, sou contra e me revolta. Ainda, contrabando de animais, manutenção de animais silvestres em meios inadequados ou cativeiro, abuso de animais em circos e mau tratamento a animais domésticos, sem falar da sistemática devastação do meio ambiente para fins puramente mercantilistas. Espanta-me e enoja-me.

Gostaria de lembrar um trecho do livro A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera. Mostra como devemos nos colocar no lugar do outro para tentar compreender o mal que podemos causar com nossa tolerância ao desrespeito à vida.

"Logo no começo do Gênesis, está escrito que Deus criou o homem para que ele reinasse sobre os pássaros, os peixes e o gado. É claro, o Gênesis é obra do homem e não do cavalo. Ninguém pode ter a certeza absoluta de que Deus realmente queria que o homem reinasse sobre todas as outras criaturas. O mais provável é que o homem tenha inventado Deus para santificar o seu poder sobre a vaca e o cavalo, poder esse que ele usurpara. Sim, porque, na verdade, o direito de matar um veado ou uma vaca é a única coisa que a humanidade, no seu conjunto, nunca contestou, mesmo durante as guerras mais sangrentas.

É um direito que só nos parece natural porque quem está no topo da hierarquia somos nós. Bastava que entrasse mais outro parceiro no jogo, por exemplo um visitante vindo de outro planeta cujo Deus de lá tivesse dito "Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas", para que toda a evidência do Gênesis ficasse logo posta em questão. Talvez depois de um marciano o ter atrelado a uma charrua ou enquanto estivesse a assar no espeto de um habitante da Via Láctea, o homem se lembrasse das costeletas de vitela que costumava comer e apresentasse (embora tarde de mais) as suas desculpas à vaca.”