sábado, 10 de janeiro de 2009

A guerra suja


Já desisti de racionalizar a eterna guerra entre israelenses e palestinos.




O que sei é que uma guerra por territórios que começou desde a criação de estado israelense sempre foi suja, marcada por ataques terroristas, matança de civis e acordos quebrados. Se bem que é perfeita redundância falar de uma guerra suja.




Nem estou me posicionando, mesmo por que nessa guerra são tantos bumeranges funcionando, e a resposta de Israel aos ataques do Hamas pode até ser legítima, assim como é legítimo o direito de Israel bombardear a Faixa de Gaza para proteger o petróleo americano (fala sério), nem sou qualificada para entender o que se passa na cabeça desse povo tão exótico para mim, ocidental, cristã, felizarda residente de um país pacífico. O que sei, como ser humano é que, deixar feridos civis morrerem sem socorro, impedir tropas de ajuda humanitária de atuarem, bombardear abrigos com crianças inocentes, fazer 40% de vítimas crianças é algo tão abominável, e tão sujo e tão animalesco que só podemos nos pasmar, aqui do outro lado do mundo, impotentes e horrorizados.



Conheci alguns israelenses numa viagem, e me surpreendi com sua alienação a respeito do assunto. Contaram-me das baladas de Tel Aviv, da universidade, me ensinaram algumas palavrinhas em hebraico, da sua vida perfeitamente comum em Israel, enquanto num pedacinho do estado, tantos horrores estão acontecendo. O que me pareceu foi encontrar pessoas que cresceram vendo todos esses conflitos se repetindo, de forma que é normal e corriqueiro para eles viverem em estado de guerra. "But there is children dying!!!" Questionei.




Desde de que sejam crianças palestinianas... Será que eles não pensam, que antes de serem palestinianas, são seres humanos!!! Será que ninguém percebe que não importa o altar que nos ajoelhamos, somos todos feitos do mesmo material, temos os mesmos olhos, pernas, sonhos e desejos? Por que é tão difícil compreender que, se viemos de algum lugar, só pode ter sido do mesmo, já que somos tão absolutamente iguais??? E por que eles não percebem que parecem apenas títeres do jogo americano pelo petróleo???




Mas o que estou falando... Que país pacífico é esse em que vivo??? Quem sou eu para falar da alienação dos jovens israelenses, se aqui, debaixo do meu nariz, outras guerras vêm sendo travadas, dia após dia, e se 2008 foi um ano marcado por violência contra a mulheres, contra crianças? Se o tráfico de drogas nos rouba diariamente vidas mirins que podiam estar sendo moldadas para construírem um país forte e saudável?




Na época do caso da menina Isabela, me peguei várias noites sem dormir, imaginando só o que teria passado na cabecinha dessa criança, nos últimos instantes de vida, quando estava sendo torturada pelas pessoas que deveriam amá-la e protegê-la de todos os males do mundo. Penso que acima de toda a dor dos ferimentos, uma perguntinha em sua cabeça infantil, povoada por sonhos e por personagens de desenho animado, se repetiu milhões de vezes: POR QUÊ?








Nenhum comentário: