sexta-feira, 28 de novembro de 2008

De repente 30!!!!

Faltam poucos meses para que eu cruze a fronteira da vida, aquela que determina quem é jovem e quem já deixou de ser absolutamente jovem...
Vou deixar de ter vinte e poucos.
De repente, vou me olhar no espelho e ver a mesma moça bonita, de pele perfeita, com cara de vinte e cinco, olhos verdes vivos, sobrancelha questionadora, cheia de dúvidas, de ansiedade e de expectativas... De 30 anos.

Balzac fez o que pôde, na sua sutil defesa da mulher contra as convenções sociais de sua época (séc XIX) e em suas paixões por mulheres maduras... Mas os 30 anos do séc XXI, em que temos a figura icónica máxima de Carrie Bradshaw do Sexy and the City, é tão conflituosa quanto a de Júlia, heroína balzaquiana. Carrie é livre, Júlia não, e a gente não sabe o que pode ser mais assustador: ser tão livre que se sinta perdida ou tão submissa que se sinta oprimida...

O que eu posso, o que eu não posso, depois que cruzar essa linha? O que é ter 30 anos, como se isso fosse um peso colocado em cima de nós? Por um lado, sinto uma sabedoria, uma capacidade sem limites de colocar tudo em prática, energia suficiente para conquistar o mundo, sem todos aqueles medos, sem aquela timidez da inexperiência, a consciência libertadora da minha aparência, o gostar de mim mesma, sobretudo, finalmente a descrença do príncipe encantado, o conhecimento do ser humano e a necessidade de aceitar e perdoar as pessoas como são, o enxergar da beleza sem artificialismos, o desejo de experiências ricas e profundas, o despir de amizades e relacionamentos superficiais, a paz do fim de ansiedades estúpidas, a reconciliação com as coisas tolas que me faziam sofrer, o aceitar que não vou conhecer Ilha de Páscoa como eu sonhava, ou a possibilidade de conhecer a Ilha de Páscoa por que agora eu posso pagar por isso com meu cartão de crédito, a certeza de que a vida está apenas começando todos os dias, mas que o fim de cada dia determina cada vez menos tempo na existência...

Por outro lado sinto que não vou mais ficar bêbada com minhas amigas numa boate por que elas casaram e estão com seus filhos em casa... Não vou mais me apaixonar perdidamente por um rapaz que só vi uma vez na vida... Não vou fazer amigos no carnaval para esquecê-los na semana santa... Não vou usar mais aquela micro saia (mesmo que ela ainda fique ótima em mim) por que prefiro roupas confortáveis... Não vou gritar com meu chefe e pedir demissão por que agora penso duas vezes antes de tomar uma atitude drástica... Não vou comer lasanha no almoço uma semana seguida porque minha consciência vai pesar... Não vou poluir o mundo porque tenho pensamento na sustentabilidade... Não vou matar aula nas especializações porque estou em casa de ressaca... Não vou gastar todo o meu salário com um par de sapatos...

Não vou fazer coisas idiotas que são permitidas aos jovens e aos adolescentes, mesmo que eu nunca saiba porque são permitidas nessas épocas, já que o senso de moral, justiça, valores e integridade aprendemos muito antes de ganhar o mundo...

Mas vou continuar a errar. Vou continuar a aprender. E vou continuar a ensinar.

É como diz uma mocinha que estagiou comigo, dez anos mais jovem que eu: “Eu queria ser uma mulher poderosa como você...”

“Você vai chegar lá...” Eu disse... Ah, mas vai mesmo... Vejo nela a Fernanda de antes... uma moça promissora... que se tornou uma mulher poderosa!!!


Lendas e Verdades sobre a Mulher de 30

- A mulher de 30 se entrega ao prazer sem culpa (Hein??? Desde quando? A culpa é o sentimento do século XXI... Não existe quem viva sem culpa em qualquer idade).

- A mulher de 30 deve começar a cuidar da pele contra envelhecimento ( Sinto a velhice mais distante de mim agora do que quando eu tinha 20... Mas uso filtro solar todos os dias)

- É mais fácil uma mulher de 35 anos morrer num ataque terrorista que se casar... (As perspectivas para a mulher de 30 estão cada vez piores... Ou se casar ou morrer num ataque terrorista... Por via das dúvidas, ingresse num mestrado, é a terceira opção).

- Os homens mais jovens preferem as mulheres de 30... (Se forem espertos sim... quem dá conta de toda a insegurança juvenil de uma moça de 20???).

- Toda mulher de 30 gostaria de ter o corpo de 20 com a cabeça de hoje. (A maioria das mulheres de 30 que conheço tem o corpo de 20... algumas estão bem melhores que aos 20... e algumas pouco estão preocupadas com isso, vivendo intensamente suas experiências e sendo belas e desejáveis com todas as suas gordurinhas a mais...)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A verdade

As coisas mais difíceis de aceitar são as que não sabemos.
Aquelas coisas que ficamos tentando ler nas entrelinhas. Aqueles pensamentos que
advinhamos nos olhares, mas que não são revelados por palavras.

Todas as vezes que julgo conhecer alguém sou surpreendida. Algumas vezes as surpresas são tão agradáveis que descubro haver algo de divino em cada ser humano. De onde menos esperei recebi um sorriso, um apoio, um gesto de generosidade.

Quem dera se todas as pessoas nos oferecessem tão boas surpresas...

Mas esse é o lado mais raro das coisas que não sabemos. Na maioria das vezes há o descaso onde supomos consideração. Há o cinismo onde acreditamos existir sinceridade. Que ninguém é perfeito, é fato. Mas por que nos enganamos tanto em face da afeição?

É fácil acreditar no que queremos acreditar... E todos nós, em algum momento, encenamos um personagem, seja por ego, seja para encantar, seja para ocultar um lado ruim de que nos envergonhamos. Ou seja, simplesmente por que existe algo de odiável em cada um de nós... E quem não quer ser amado?

Decido que não quero parecer o que não sou para ser amada, para agradar, para conseguir admiração das pessoas. Decido que serei o que quero ser. Decido que, o que sou é mais importante para mim mesma, e me orgulhar disso é o que me interessa.

Se me entregarão verdadeiros sentimentos, não posso garantir. Mas talvez... o que recebemos seja reflexo do que oferecemos, e se eu oferecer verdade, não poderei estar no caminho errado