sábado, 31 de janeiro de 2009

Lucíola

Esse clássico da nossa literatura romântica com certeza é um dos meus dez livros preferidos. De José de Alencar (o mesmo de O Guarani e Iracema), foi publicado pela primeira vez em 1862, e conta o romance do jovem Paulo com Lúcia, a mais bela e cobiçada cortesã do Rio de Janeiro.

A história se passa em meados do século XIX, e não só é uma janela para uma época que eu acho fascinante, como demonstra a organização de uma sociedade hipócrita e puritana.

O enredo em si é muito simples e nem é tão original, uma vez que conversa claramente com a obra de Alexandre Dumas, A Dama das Camélias. O romance de Dumas foi uma mania da época e também inspirou a ópera La Traviatta, de Giuseppe Verdi. É essa ópera que Edward (Richard Gere) leva Vivian (Julia Roberts)para assistir, no filme Uma Linda Mulher, que também conta o romance pós moderno entre um milionário solitário e uma jovem prostituta de Bervely Hills.



As cortesãs são alvo do fascínio desde que o mundo é mundo. No oriente, as gueixas tinham destaque social e passavam por um sofisticado processo de educação, que podia levar anos, o que não incluía absolutamente a satisfação sexual dos parceiros, mas satisfazer um homem em todos os sentidos: no modo de falar, na cultura, no modo de se vestir e caminhar, com música e dança.
Ainda no oriente, temos concubinas, na índia, que eram educadas com os refinados ensinamentos do Kama Sutra, que incluem desde complicadas posições sexuais a segredos de perfumes exóticos e etiqueta. No império romano, os prostíbulos eram quase regiões sagradas, sob a proteção da Deusa Vênus, atacar um prostíbulo durante uma guerra significava ofender a divindade.

No puritano Rio do séc. XIX, as cortesãs tinham um papel social bem definido, eram relativamente aceitas. Elas podiam circular livremente nos salões e teatros para enfeitá-los com sua beleza, mas se decidissem se casar com um rapaz honesto, isto era visto como um escândalo.

José de Alencar praticamente tece, com delicados floreios de literatura, a história doce e apaixonante de Paulo e Lúcia. A heroína romântica é típica: "a verdadeira imagem da mulher que no abismo da perdição conserva a pureza d´alma". Mesmo capaz dos mais altos sacrifícios por seu amor, a personalidade de Lúcia não é nada reverente. Ela é forte e apaixonada, e encontra em Paulo a chance de resgatar sua vida. Paulo, no início duvida de sua amada, julgando que uma prostituta seja incapaz de abandonar a vida de dissipações por seu amor, mas recebe de Lúcia as maiores lições de dignidade.

Lucíola é uma história de amor atemporal, não mais que isso. Mas carregada de belas metáforas, delicadíssima e é uma leitura tão fácil e tão agradável, que é impossível não se apaixonar por ela...

Um comentário:

Danielle Luciano disse...

Comecei a ler Lucíola uma vez, porém não terminei. Acho que foi livro pra fazer prova ou algo assim, quando é obrigado é um saco né??