A nova mania entre as crianças não é um jogo de computador nem as aventuras fantásticas de um bruxo ou super herói! Incrivelmente, as crianças agora pedem um Livro que ensina a brincar e a ser criança de Natal!
O Livro Perigoso para Garotos já é um best seller, de Conn e Hall Iggulden, editora Record, constando na lista de mais vendidos.
A idéia é fantástica, e o livro em si um primor. Encardernação bonita, imagens, desenhos e mapas, e o melhor: conteúdo de brincadeiras, mágicas interessantes, poesia, jogos, fantasia, tradições... O livro é uma mistura de almanaque, enciclopédia e manual de instruções para meninos e ensina desde a construir uma casa na árvore a desenhar com tinta invisível! Ensina a jogar poker e traz textos interessantes de grandes autores e obras literárias, com edições adaptadas ao público de cada país onde é lançado.
Em contra partida, veio O Livro das Garotas Audaciosas, de Andréa J. Buchanan e Miriam Poskiwitz, é a versão autorizada, porém direcionado às meninas. Brincadeiras deliciosas resgatadas como pular elástico, corda, brincadeiras de bate palmas, mescladas com manuais utilíssimos de moda, sobre como organizar uma festa do pijama e fantásticas histórias de mulheres audaciosas em todo o mundo.
Só vejo duas coisas bem tristes nessa brincadeira toda:
A primeira é a segregação dos sexos nessa idéia maravilhosa. Por que não um O Livro perigoso para Crianças, ou O Livro das Crianças Audaciosas? Será que as crianças já têm que aprender desde cedo a difícil e quase impossível tarefa de compreender, conviver e se relacionar com o sexo oposto? Será que brincando juntas esse relacionamento não seria mais tranquilo quando adultos, assim como a convivência e a aceitação? Por que não meninas em carrinhos de rolimã e meninos brincando de casinha? Qual o problema, meninas não se tornam motoristas e meninos não serão pais e maridos? Para embasar minha opinião, tenho que compilar a crítica da seriíssima Veja.com, que diz que O Livro Perigoso para Garotos é “desdenhoso das invenções modernas como o IPod e o Feminismo”.
A segunda é: O que aconteceu com essa geração? Por que as crianças desaprenderam simplesmente a ser crianças? Eu nunca tive um manual de brincar de amarelinha, esse era um conhecimento passado de criança para criança, de pai para filho, e era muito natural para mim saber todas as manhas, as brincadeiras, os truques de ser criança. Eu não tinha computador, nem celular, nem moto elétrica, mas eu já fui She-Ra, Mulher Maravilha, já pendurei em árvore, já fiquei perdida debaixo da minha cama, já surfei na areia da pracinha, já voei de jatinho na vassoura, já beijei o menino mais lindo no Salada Mista, já ralei o joelho na Queimada, já tive criação de joaninhas, já soltei pipa confeccionada por mim, já fui chefe indígena, já patinei no gelo (no asfalto)...
Enfim, esses livros resgatam uma infância perdida, mas por que ela está perdida? Isso me assusta e me entristece...
3 comentários:
Amei!
Não conhecia e quero OS DOIS!Não só pra mim, mas para meu filho/a que eu pretendo fazer com ele que ele tenha a infância que eu tive (apesar de não ter conhecido o doce de abóbora de coração.rs!)Valeu pela super dica, e tô mega desesperada agora pra ler esses livros!! Sempre vocÊ me aticiçando né Nanda? Aliás...nem acabei ainda de ler o livro que você me deu...eaceito seu desafio! Começo hoje postar os 10 livros que mais gosto! 1 por dia!
Beijos!!
Ah!! Quanto a "separação dos sexos"... 2 livros vendem mais amiga! Lógico que eles iam separar ao invés de juntar todo o conteúdo num só!
ah ta obrigada pela explicação de entendida produtora editorial ahahah
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