sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Lágrimas Pelo Haiti

Sempre que uma tragédia com a proporção do terremoto que avassalou o Haiti no último dia 12/01/2010 nos abala, nos enchemos de questionamentos sobre a condição temporária do homem na Terra.


É certo que estamos aqui só de passagem. Para onde vamos e de onde viemos, ninguém sabe dizer. E assim, o homem, que se julga tão completamente dominador de todos os males, de todos os seus feitos e de toda a sua riqueza, tem a noção opressora de que não passa de um punhadinho de nada diante da força da natureza.

Mesmo impotentes diante das ações geológicas e das epidemias, a arrogância do homem não tem limites, nem acorda de seu devaneio. Só o que importa para nossa raça infame é o dinheiro, é levar vantagem sobre nossos semelhantes, sermos superiores. O desprezo com que lidamos com nossos iguais é tamanho que ninguém que abrir mão das suas mediocridades e mesquinharias para ajudar o próximo e para fazer dessa - breve - existência, algo maior que alguns milhões de batimentos cardíacos.

Somos seres limitados tanto de sentimentos quanto de ações. Vivemos para comer, comprar casas, ter alguns filhos e ficar 8 horas por dia diante de um computador, talvez algum lazer no fim de semana, talvez algumas desilusões aqui e ali. Não percebemos, no nosso raso entendimento do universo, que a vida é um dom maravilhoso, quando religiosos, ou quando céticos, uma fantástica coincidência das explosões dos átomos e reações da matéria. Não somos pó de estrelas. Temos alma: pensamentos, sentimentos, criações que só se processam dentro de nós, e cujo acesso ninguém mais tem, nenhum outro ser vivo é capaz de saber o que se passa dentro do outro. E o que fazemos dessa nossa "sorte" em estar vivos?

O fluxo da destruição corre na natureza, de uma forma que nenhuma grande potência econômica pode evitar. E onde estaremos quando os mares avançarem pelos continentes, quando os vulcões entrarem em ação, e tudo o que construímos for dizimado sem piedade nem respeito por toda a civilização que criamos? Quantos de nós terão a consciência de que a própria vida foi válida?

Lágrimas pelo Haiti. E nós somos os haitianos. Impotentes vítimas de um mundo que não temos condições para transformar.

2 comentários:

Andressa disse...

Imponentes vítimas de um mundo que não podemos transformar, e quando o fazemos, não fazemos para melhorar né.
Sempre que fazemos algo GRANDE no nosso Planeta, acaba prejudicando mais a ele do que ajudando.
A Natureza um dia se revolta com tanta arrogância. Ela só nos devolve o que fizemos a ela.
Infelizmente muito de tudo isso, é culpa nossa.

sophie disse...

Somos mesmo seres arrogantes e iludidos...achamos que pensar e falar são superpoderes que nos mantêm intactos, imunes à tudo. Realmente lamentável essa no Haití.
A credito sim que o ser humano não está longe de ser extinto ou de se adaptar de forma assustadora as bizarrices recíprocas da natureza.