domingo, 31 de janeiro de 2010

Uma prova de amor




Não tinha assistido ainda o filme Uma Prova de Amor, com a gatíssima Cameron Dias. Hoje, nesse domingão preguiçoso, peguei o filme e fiquei parte da tarde estirada no sofá.

A história é polêmica: um casal decide ter uma filha de proveta, Anna, projetada geneticamente para ser doadora compatível de medula óssea para a irmã que tem leucemia. Apesar de superar sua expectativa de vida, a irmã só vem piorando, até precisar de um transplante de rins. É quando Anna decide processar os pais para conseguir na justiça que eles não a obriguem a doar um rim para a irmã.

O filme, além de ser uma bela história de amor fraternal, nos faz questionar nossas relações familiares e cotidianas. O mundo é, cada dia mais, um lugar inóspito e frio para os homens. Mesmo necessitando, à custa de nossa própria sobrevivênvia, estar em constante convívio com nosso próximo, as relações humanas estão cada vez mais frias e mais distantes. A individualidade e a independência nunca foram tão valorizadas.

Muitas vezes temos medo de nos aproximar do outro. Mesmo por que o outro pode não permitir ou mesmo não compreender essa aproximação. Sendo as relações baseadas em interesse, muito mais que em sentimentos, sempre visamos o que as pessoas podem nos oferecer em benefício, mas não estamos absolutamente dispostos a aceitar a carga que isso pode implicar.  Queremos e ansiamos o lado bom das pessoas, mas desde que isso venha sem o preço de ter que suportar o lado ruim: pois problemas todos nós temos, e lidar com os defeitos dos outros pode parecer um fardo pesado, uma grande inconveniência.

Ao optar pela solitude, o homem sai do seu estado de ser comunitario natural, e passa a levar uma carga emocional muito mais pesada: são seus próprios medos e desafios. Sem o apoio emocional que vem das relações afetivas, nos tornamos pessoas inseguras, desconfiadas e emocionalmente reservadas. Às vezes nem conseguimos expansão de carinho com nossos familiares, ou com as pessoas que nos são mais caras e estão mais próximas.

O amor e a amizade, o companheirismo e a solicitude são bens preteridos em detrimento do dinheiro, dos prazeres e da realização profissional. Tempo para os amigos? Para os filhos e parentes? Para encontrar um amor ou se dedicar a um relacionamento? São valores que estão cada vez mais perdidos em nossas sociedades.

A família perde sua força como base da sociedade, as crianças perdem a referência de lar e de segurança, e quem perde mais somos cada um de nós, incapazes de um olhar mais amplo sobre nossas relações e a importância que representam em nossas vidas.

Um comentário:

Andressa disse...

Com certeza você tem toda a razão, Nanda.
Estamos tão voltados para nós mesmos, que somos incapazes de estender a mão para alguém que esteja ao nosso lado.

Sobre os cachorros, sim, temos seis.
é uma latição doida.
Mas adoro todos eles.