Depois de toda catástrofe, a natureza passa um tempo quieta e silenciosa. Depois de toda colheita, a terra precisa descansar para voltar a produzir. Depois de produzir frutos incessantemene, toda árvore semi-morre por um longo tempo, até poder vicejar na próxima primavera. Depois de seis dias ocupado com a criação, Deus descansou.
Todo processo precisa de um momento de introspecção e recolhimento.
Todo coração machucado precisa se fechar e se proteger para curar as feridas. É essa entre-safra que nos mantém aptos para amar vez após outra, pois já é sabido que o homem é também uma fonte de amor inesgotável. Todo amor exaure a alma, e alguns chegam ao fim,deixando árido um coração antes fértil e ativo.
Dor de amor tem fim, mas somente se a gente puder "congelar" a alma para se recuperar. Lembra da história "a fila anda"? Pois é, se você não tem 17 anos, não vai funcionar... Por que a gente não tem fila, a gente tem coração, sentimento, alma... A gente se doa até o fim com sonhos, esperanças, corpo, e planos, e quando tudo desmorona, merecemos paz... Merecemos restituir nossa fé nas pessoas. E merecemos voltar a admirar nossas próprias qualidades, voltar a namorar a nós mesmos antes de partir para novas aventuras.
Após um período fértil, resolvi hibernar um inverno de um ano... Um ano é tempo bastante para uma pessoa jovem e otimista reencontrar o prazer das coisas simples, dedicar-se à espiritualidade, aos próprios hobbies, aos amigos, à família, ao ir ao cinema sozinha, viajar para lugares insólitos e curar com requinte uma alma estressada.
Quero meu ano. Paz, música boa, corrida no fim do dia, uma taça de bom vinho de vez em quando, e aquele vazio que a gente sente quando não está pensando em ninguém, ou então quando não está tentando resolver nenhum complicado problema, ou quando não está empenhado em fazer nada funcionar. É um vazio gostoso.
E se a palavra vazio soa negativamente, podemos dizer que é uma página em branco.
Vire a página. Mas deixa-a em branco, até ser capaz de reescrever sua história com belas palavras e alguns sorrisos..
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