quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A natureza do Homem


Sempre me debati com a seguinte questão (e acho que não só eu, mas todos os filósofos do mundo): o ser humano é naturalmente bom ou naturalmente mau?

Segundo Rosseau, o homem nasce bom e a sociedade o vicia, e segundo Hobbes o homem é mau e a educação e a cultura é que refreiam seus impulsos perversos.

Baseando-nos no nosso dia a dia, temos tudo para concordar com Thomas Hobbes, afinal, basta abrir um jornal para ver do que o homem é capaz. As piores atrocidades estão descritas ali, cotidianamente, e de uma forma tão repetitiva que nem nos choca mais. "Mãe afoga filho", "avô estupra neta", "homem mata cinco e incinera os cadáveres", são apenas algumas poucas manchetes corriqueiras que vemos por aí. Isso só para falar das pessoas que chegam muito longe. Ainda nem citei os mentirosos, os salafrários, os desonestos, os corruptos, os traidores, os mau humorados, e por aí vai. E ainda nem citei os piores atos de animalia cometidos em guerras, penitenciárias etc (talvez chamar de animalia seja um tanto quanto ofensivo ao reino animal).

Pois bem... as duas maiores religiões do planeta também discordam nesse ponto. Para a religião cristã, o homem é herdeiro natural do pecado de Adão e Eva. Ele nasce do pecado e com o pecado, e só pode se purificar através dos dogmas da religião para merecer a vida eterna.

Já o Islamismo é mais otimista nesse assunto. Segundo o islã: "Saído da mão criadora de Allah, o homem é inocente, puro, veraz, livre, inclinado à retidão e à virtude, e dotado de verdadeira compreensão quanto à sua posição no universo...Essa é sua verdadeira natureza, assim como é da natureza do cordeiro ser manso, do cavalo ser veloz. Porém, o homem é apanhado pelas malhas dos costumes, das superstições, dos desejos egoísticos e dos falsos ensinamentos. Isto tudo o torna beligerante, impuro, falso, servil, desejoso daquilo que é errado ou proibido, desviado do amor para com os seus semelhantes, e da pura adoração ao Único e verdadeiro Allah..." (comentários dos signifs. dos versícs. do Alcorão Sagrado (pg 493\1247).


Li um livro que me trouxe idéias de grande alívio para o meu coração, novos estudos sobre a natureza do homem. Aliás, o livro é muito interessante, indico, é o best seller da psicanalista Ana Beatriz Barbosa Silva - Mentes Perigosas,o psicopata mora ao lado.

Conceitos magníficos são apresentados nesse livro. A autora, por exemplo, porpõe o conceito de consiência como sendo a capacidade que temos de amar.

A autora também fala que recentes estudos comprovam a natureza benigna do homem. Geneticamente, a maioria de nós é "progamada" para ser boa, solidária e se preocupar com o próximo. Testes feitos com macacos, inclusive, comprovaram que essa boa índole está presente também nos primatas. E que essa característica foi a herança de uma seleção natural, pois somente os indivíduos cooperativos podiam viver em sociedade e assim ajudar a perpetuar a nossa espécie.

Todo ser consciente nasce com a capacidade de identificar o bem e o mal. A educação é capaz de aprimorar esses conceitos. Tendemos pelo "correto" num certo nível da consciência, ainda que outros valores, sentimentos e influências nos levem para decisões, pensamentos e atitudes "incorretas".

Pensando por esse prisma, não conseguimos compreender como há tanta discórdia no mundo. Se proporcionalmente as pessoas "boas" do mundo estão em muito maior número que as más, e se a bondade é genética, raro excessões de distúrbios de personalidade, psicopatia e casos em que a cultura propicia o contrário, quer dizer que estamos deixando que a minoria comande nosso planeta e faça grandes estragos.

Fica aqui a frase de Martin Luther King, que resume tudo isso em poucas palavras: O que me preocupa não é o grito dos mausE sim o silêncio dos bons....

Um comentário:

sophie disse...

Fiz uma Postagem sobre o queijo da Serra da Canastra, lembrei que você é mineira. =)

Acho que essa coisa de natureza, essa generalização nunca funcionou bem.