segunda-feira, 14 de março de 2011

Sobre celulite, cafonice e ser gay

Nós mulheres vivemos brigando com a nossa aparência. É só mais uma das nossas guerras. A culpa não é nossa, naturalmente. Existe, por trás da nossa fixação em manter nossas bundas livres da celulite, muito mais filosofia do que pode parecer.

A natureza nos dotou do estrógeno e da incumbência de gerar bebês. Sim, muitas de nós acham que ter bebês é a principal função de todas as mulheres e não lhes tiro a razão. É maravilhoso ser capaz, tão facilmente, de gerar um bebê, quando para a metade da população do planeta isso é impossível. É a prova maior de que existimos acima da dominação masculina ao longo da história da civilização. Mas com o estrógeno vem a celulite. E quando nossos hormônios se retiram da cena, nos abandonam com todos os inconvenientes da menopausa. Às vezes eu penso que não somos mulheres, somos produtoras de hormônios. Eles determinam quem somos. Nosso bom humor. Nosso mau humor. Nossa disposição. Somos quase movidas a hormônios.

Mas ainda assim, lutamos contra a celulite. Se ter celulite é uma qualidade exclusivamente feminina, por que lutar contra isso? Seria uma revolta contra a nossa condição feminina? Não é mais ou menos como ir ao médico e pedir: Doutor, retire-me esses seios, não gosto deles. Seriam os tratamentos contra celulite mais uma revolução feminista?

Homens que não gostam de bunda com celulite, atenção. Uma bunda sem celulite é biologicamente antinatural. Os únicos homo sapiens do planeta que não tem celulite na bunda são os homens. Logo, vocês, que têm fixação por bunda sem celulite, preparem-s e para conviver com seu lado gay. Sim, por que uma bunda sem celulite e bem durinha é uma coisa masculinizada. Mas tudo bem. Ser gay não é mais uma opção sexual. É uma filosofia de vida.

O mundo hoje em dia é gay! Eu mesma sou bem gay... Não, não sou lésbica. Sou gay mesmo. Ser gay é ser in, é estar em dia com as novas linhas de pensamento vanguardistas, é acreditar num mundo mais alegre, menos sisudo, muito glamoroso. É gostar de beleza, é lidar com a sexualidade sem fantasmas, assumindo o que você é com orgulho: freira ou puta. É explorar o lado fashion e sensível do ser humano. Isso é ser gay. Muitos homens com H que conheço, héteros de carteirinha, são gays. E muitos gays que eu conheço são tão cafonas que nem podem ser gays (no meu conceito).

Ah, também estive pensando um pouco sobre ser cafona. Novo conceito para cafonice. Cafona geralmente é algo ultrapassado, gasto, que cheira a naftalina e faz a gente ter sobressalto de desgosto. Imagina uma calcinha da sua avó... Então, isso é cafona. Agora, no meu repaginado conceito de cafonice está tratar mal as pessoas. Sabe aquela frase assim: “você sabe com quem está falando?” usada geralmente para intimidar pessoas humildes? Nossa... nada mais cafona... Parece ter saído do vilão da novela do Gilberto Braga. Aliás, novela é algo cafona, né? Vamos combinar... Do Gilberto Braga então... festival de cafajestes, piranhas, banalização da perda da virgindade, salafrário passando enfermeirazinhas boas para trás, homem velho rico tendo caso com novinha alpinista social, mulher respeitável caindo na cama do irmão safado do marido legal... Ou seja, nada que eleve a alma! Num mundo normal, tudo bem, novela entretém. Mas num país sem referência para a ética e a honestidade, fora de propósito!

Bom, agora que apresentei a vocês minhas novas idéias sobre celulite, sobre ser gay e sobre ser cafona, deixo vocês refletirem sobre a necessidade da celulite para a afirmação do ser mulher, a necessidade de ser gay para ter uma vida mais leve e a necessidade de evitar novela do Gilberto Braga para não acabar cafona!

3 comentários:

M Aurélio. disse...

Hum muito bom seu "post" e como ja diz o ditado popular: Uma mulher sem celulite é uma mulher sem carater! kkk quanto ao mundo ser gay bobagem rss realmente estamos precisando de um mundo mais gay, mais algre mais glamuroso, e de menos pessoas "cafonas" daquelas que nao assistem novelas .

Fernanda Fiuza disse...

Falou e disse Marco!

Andressa disse...

Pois é né Nanda!
Aceitar a celulite é quase um traço de personalidade. e além do mais... E eu estou nessa com você, de um mundo mais gay.
E essa nova definição de cafonice te meu apoio. Nada mais cafona do que novela e gente que cresce pra cima dos outros.
bjoss!
arrasou novamente.