Também Balzac celebrou a preferência por mulheres maduras, dizendo que não se deve confiar em ninguém que tenha menos de 30. Confiar aqui tem mais o sentido de confiar a, delegar, depositar. Ele jamais depositaria suas esperanças numa moça de 20.
Hoje está tudo liberado, e a sociedade aceita, até mesmo aplaude Suzanas Vieira da vida, que tornam uma ridícula comédia seus arroubos irrefreados com rapazes com idade para serem seus filhos. Por exemplo, interessou mais o fato de que o jovem (22) namoradinho da Madonna é brasileiro do que sua diferença de idade com a mega estrela.
Bem, eu posso falar que o amor não é um cálculo. Não se sai por aí escolhendo a dedo, embora devêssemos, por quem vamos nos apaixonar. E uma vez apaixonados, qualquer romance tem chance de ser feliz ou infeliz, seja qual for a idade dos envolvidos, sua posição social, religião ou raça. Até penso que a diferença atrai, fascina e promove riqueza de experiências.
Já o fetiche dos coroas por garotas jovens que não só sempre foi aceito, como celebrado em verso e prosa (cujo exemplo de ótima prosa é o clássico Lolita de Vladimir Nabokov), tem sido visto hoje em dia com um ligeiro nariz torcido pela sociedade. Claro, pois numa época de sexo livre, em que as moças podem sair, namorar, escolher e experimentar, parece irracional que se envolvam com coroas, já que os rapazes da sua idade estão acessíveis e disponíveis. Outra razão é o culto à juventude eterna e da plenitude, que torna incompreensível a possível preferência das meninas por homens mais velhos. Mas permanece, seja pela busca por proteção, estabilidade financeira, o fenômeno psicológico do complexo de Electra, ou ainda, a necessidade de também exibir um troféu. Não sei... Só acho que se as meninas esperam encontrar mais maturidade nesses senhores, sinto decepcioná-las... Quase estou a ponto de crer que um homem nunca deixa de ser um adolescente, de uma forma ou de outra, e o fato de fazerem questão de exibirem suas conquistas juvenis é mais uma prova disso.
Outra prova é um exemplo real, que aconteceu sob minhas vistas: outro dia, numa agradável recepção com amigos, me apresentaram um casal muito atraente. Ele, um alto empresário bem sucedido, vestindo um terno poderoso, cabelos grisalhos e bronzeado das praias de Ibiza, ela, uma moça miúda, de longos cabelos dourados, a carinha de criança reforçada pelas várias sardas na pele branca do rosto, que ela não conseguiu disfarçar nem com todo o excesso de maquiagem que passou.
Conversa vai, conversa vem, fico sabendo que ele tinha 45 e ela 19. Achei engraçadinho que o amor fosse tão abrangente, mas ao longo do papo, percebi que a menina não falava muito, ficava só observando com os olhinhos vivos, que iam do namorado para mim, como se tentasse entrar na conversa de alguma forma. Com pena dela, comecei a falar de filmes, uma vez que a menina era estudante de cinema, e então ela se pôs a falar com muita propriedade do assunto, aliviada e feliz de poder mostrar que não era só um rostinho bonito. Eu estava quase orgulhosa dela, quando o namorado bonitão de meia idade comentou:
- Não entendo como alguém pode estudar Cinema! Que coisa mais fútil!
A moça ficou vermelha, e acho que se não fosse todo seu esforço para parecer senhora de si, teria chorado ali mesmo na nossa frente. E ele disse isso com um ar de superioridade tão pedante, enquanto acariciava os cabelos dela... Fiquei realmente revoltada, e quis responder à altura. Mas pensei que em briga de marido e mulher não se mete a colher, e se ela se sujeitava a sair com o próprio Poderoso Chefão, então merecia o tratamento...
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