segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Do amor e outras Moléstias

Se me questionassem que vida eu prefiro, a de solteira ou a de casal, eu ficaria, sem pestanejar, com a vida de solteira!
Nada se compara à liberdade plena. À posse completa do tempo, do desejo e do coração. Tudo é descomplicado, é simples. Não existe montanha russa de sentimentos, nem frustração, nem rompantes. Paz, pura e simples.
Não conheci ainda um relacionamento capaz de proporcionar tudo isso a alguém, seja em qualquer molde, tradicional ou alternativo.
Mas... o amor acontece a quem está aberto a ele. Cedo ou tarde. De uma forma ou de outra. Como disse
Shakespeare, "encontro de amor é jornada finda". Perfeito ou complicado, alegre ou agoniante, o amor acontece. Acontece! E quando acontece, nos faz perder o gosto pela liberdade e pela paz.
Estar com alguém ao lado é quase uma questão de saúde, um movimento natural na dança da vida.
Se vai ser um pacote completo, com casa, filhos e cachorro, um quintal e uma minivan, isso só Deus sabe.
O impotante mesmo é ter um grande amigo, alguém para aquecer um pé gelado numa noite fria, para assistir à
um bom filme enrodilhado num edredon, para compartilhar a dor quando algo terrível acontece, alguém para tomar uma xícara de chá junto falando sobre política, economia, futebol, ou sobre nada... apenas ficar olhando a chuva cair lá fora. Alguém a quem dizer: vá embora, mas que vai se recusar a ir, por que já se tornaram parte um do outro.
Em algum momento será para sempre. E se acabar, bom, experiência vivida, página virada.
O amor não é fácil de econtrar, e quando o encontramos, não é fácil de digerir.
Estamos sempre querendo amar, mas somos tão despreparados para o amor!
Nunca estamos disponíveis para ele, nunca lhe dedicamos tempo nessessário, nunca estamos dispostos a ceder e aceitar, nem a encarar os medos.
Achamos que o amor é o fio que une duas pessoas, e que esse fio tem força própria... ah, inocência... Não há pessoa bem sucedida no amor que não tenha plantado, regado, protegido e alimentado esse fio, às vezes a tão duras penas que ficaríamos
embasbacados só de imaginar o trabalho que dá. Só vemos os frutos...
O amor exige corações sublimes e mentalidades superiores.
Amar não é para pessoas comuns.

Este é um dos meus quadros favoritos.
O Beijo (encontrei fontes que o chamam de Os amantes) de Gustav Klimt, pintor vanguardista, criador de um estilo próprio e original do expressionismo, fascina pela série de elementos psicológicos e sensoriais que apresenta, liberando o observador a sua experiência pessoal do amor.
A mulher, que ele sempre representava como metáfora do erotismo e do sexo, aparece submissa, ajoelhada, entregue, mas não plenamente... Ela pode estar de joelhos e não necessariamente estar servindo. Há uma clara intenção sexual, mas existe uma ternura arrebatadora na forma como ele a segura pela cabeça... E como ela enlaça seu pescoço. A boca fechada, da mulher, nega o beijo, ainda numa atitude de retroceder...
Isso sem comentar o movimento, a intensidade das cores, a sensação de abismo, tão conhecida por quem está apaixonado... O amor é poderoso e portanto não pode ser simétrico, nem equilibrado - diz-nos O Beijo.

2 comentários:

Danielle Luciano disse...

Post mais perfeito ...amor, paixão, O Beijo (meu quadro preferido também)! Uma apaixonada como eu adora essas coisas. E é bom saber que você tá bem na nova fase.

Ah, tem Madonna lá no Buteco! Passa lá!!

Beijoooo!

Menina MA disse...

Ei Fernanda!
Hum... dois pequenos comentários. Gustav Klimt é um dos meus austríacos preferidos também (rs)... e quem ver este quadro dele (O Beijo) no filme "El Passado" do Babenco, pode compreender um pouco desse sentimento que ele quis passar.
E, voltando ao início do post. Há bem pouco tempo atrás, peguei-me, muito sinceramente, no auge da minha solterice, dizendo exatamente isto a uma amiga que se separou e ainda está sofrendo de amor. "Você pode não acreditar agora, mas se servir de um consolo para o futuro, te digo que a vida de solteira é tão boa, muitas vezes melhor do que a de quem está acasalada. Isto, vai depender de como se vive cada uma delas..." Mas, se o amor cruza o caminho... prefiro passar a palavra ao nosso grande Zeca Baleiro "Amor que chega sem dar aviso, não é preciso saber mais nada."

(Tão bom ouvir aquela menininha espivitada, amadurecida e apaziguada.rs)